Nós dois, juntos.

Sou feito de matéria, portanto, sou a

imperfeição em forma de gente.

Imperfeito no que penso;

Desastrado no que falo;

Inconsistente no que faço.

Sou produto da densidade da matéria bruta.

Densidade que me faz sentir mais agredido

do que sou capaz de agredir.

‘Vistos à distância somos muito bonitos!’

Sou o que se pode chamar de muitas coisas,

menos de normal.

O que me salva é este menino que caminha

comigo, que jamais me abandona.

'Eu', pequeno e sonhador.

Para este menino tudo é normal;

Nada é absurdo ou sobrenatural.

É ele que segura a minha mão e me conduz aos

lugares que todos temem.

Este menino me mostra a capacidade de amar e

externar o sentimento.

E chora ao meu lado, quando fingem que não nos

compreendem.

Este menino me aponta sempre o caminho dos

sonhos que preciso ter para continuar existindo.

Quando me desespero por não ver um sonho

realizado, é ele que aperta minha mão, me afaga

os cabelos e, com uma voz meiga e firme, diz que

ter sido capaz de sonhar já valeu a pena.

Me deixa pensar que sonhar, por si só, já é um

grande exercício de sobrevivência.

Agradeço a este menino todos os dias por ele querer

ser o meu companheiro de jornada.

Como é bom poder caminhar ao seu lado!

Julho de 2010.

Paulinho de Cristo
Enviado por Paulinho de Cristo em 23/07/2010
Reeditado em 23/07/2010
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