Carta a um amigo
Um dia, por um acaso, conheci você. Sem me importar com as circunstâncias que nos levaram a este encontro, simplesmente conversamos e começamos a descobrir dezenas de coisas em comum entre nós. Parecia até que já éramos amigos, mas aquele era o nosso primeiro encontro. Foi assim que em poucas horas de papo, descobrimos que era bom ouvir um ao outro. Não era só bom ouvir, era divertido, interessante, curioso, inovador.
No outro dia me peguei pensando em compartilhar com você uma música que gosto muito, pois sabia que você iria gostar; depois vi um filme e lembrei-me de você, pois era o tipo de filme que com toda certeza te agradaria e seria bom discutirmos sobre ele depois de vê-lo; achei aquele livro de que você falou, engraçado, eu tinha o livro há tento tempo e só agora pensei em lê-lo, só porque você aguçou minha curiosidade sobre ele; resolvi, do nada, seguir a dica do jornal e ir vê aquele espetáculo de teatro que está há semanas em cartaz, mas para isso achei que com você seria bem mais proveitoso.
No dia em que eu estava muito triste, cheio de problemas mal resolvidos, a última pessoa que eu esperava contar era você, pois nos conhecemos a tão pouco tempo, mas foi justamente você que me ligou e se interessou por meus problemas, veio aqui e chorou comigo. Noutro dia, como um sexto sentido, senti na tua voz que você não estava tão bem e não tive como não me comover, deixei todos os meus afazeres porque tinha certeza que, naquele momento, você precisava de mim. Assim, já não posso contar às vezes em que juntos conseguimos amenizar a carga de dificuldade um do outro.
Claro que fico muito feliz quando você me liga todo empolgado com um novo programa. Às vezes nem importa tanto qual é a atração, pois o interessante mesmo são nossas conversas e o auto-astral que você me passa com seu jeito de ser. Muitas vezes está com você é como fugir das coisas que me atormentam na vida, pois com você eu me sinto livre pra expressar meus pensamentos e sentimentos, sem cobranças ou repreensão. Mas você faz comigo exatamente o que eu preciso e nem sempre o que eu quero. Fico grilado com alguns puxões de orelha que recebo de você e só depois entendo o quanto você é generoso em me chamar a atenção me fazendo seguir numa direção correta ou menos arriscada. Você também não é o único a fazer isso, pois muitas vezes eu te vejo cambaleante como se andasse nas nuvens e sou obrigado a te chamar de volta à terra para que você ande com os pés no chão. A verdade é que você e eu queremos a mesma coisa um para o outro: ver sempre um sorriso no rosto.
É. Agora entendo. Você entrou na minha vida sem pretensões e hoje já não sei mais fazer muita coisa sem a sua opinião, mesmo que eu discorde dela. Já me convenci que de agora em diante, não estarei mais sozinho, pois não importa o meu estado civil ou emocional, sempre terei você para contar e você sempre contará comigo. Afinal não há outra palavra para definir essa relação senão a palavra: AMIGO.
Seu amigo, Abimael Borges.