Cartas Pessoais - Segredo
“Subiu até onde fez doer a vista –” Assim começaria o romance que ele ainda pensa em escrever, ou talvez aquele curta metragem que deixou de apresentar graças à ausência. Sim. Ausência, e só. A mesma ausência existente nas páginas daquela última carta. Algumas palavras ganham mais significados quando andar para frente não parece o bastante . Ele tenta lembrar o que escreveu, evitando procurar por resposta nas cartas dela, guardadas no alto, onde as pontas dos dedos alcançam dificilmente. Uma caixa pequena. Azul e branca que como gente suspeita, guarda segredo de boca fechada. E ainda assim... Como gente suspeita. Não está de boca trancada. Ao contrário do que ele pensa, deixando-a ali, longe dos próprios dedos, e dedos dos outros, curiosamente na tentativa o segredo escapa.