CARTA ABERTA AOS AMIGOS ESCRITORES

Tem sido motivo de vários questionamentos as minhas dúvidas sobre a linha que separa a imaginação e a realidade; a história e o seu contador. Esta mistura entre a vida real e a ficção causa um certo incomodo quando se aborda temas delicados como sexualidade, discriminação, exclusão e outros que só pela nomenclatura já causam mal-estar. Estou me sentindo vítima dos meus textos, “O Pedido” é a história de um menino que passa necessidade, eu o ouvi contar na rua ao meu filho mais velho que naquele dia só tinha pão com suco. O sentimento veio na hora: pena e dor. A única maneira de externar o que sinto é através da poesia, sejam as minhas penas ou as alheias. Aumento, diminuo, invento, recrio histórias. Meu compromisso é com o meu sentimento, zelando pela língua, tentando dar aos meus textos uma qualidade mínima de gramática e compreensão. Assumo a minha culpa por ser apenas uma sonhadora e amadora nas letras. Outro caso foi a poesia “Depressão pós parto” que nada tem a ver com o mal psicológico que acomete as mulheres após o parto. Falei sobre a depressão e tudo que senti após a partida dos EUA, onde vivi cinco anos e sofri bastante, inclusive deixei uma notinha abaixo do poema, usei a expressão sem o hífen justamente para demonstrar que se tratava realmente de depressão após a partida. Aliás, tenho uma história da mulher que vendeu o cabelo, mas já desisti, é possível que alguém me ofereça uma peruca. Sem falar naquela que a mulher derramou água no ouvido do marido, aí é capaz de eu ser presa e o problema vai ser grande porque não posso defender a mim mesma, vou cair na mão de um porta de cadeia. Brincadeira a parte, queria a opinião dos colegas e deixo aqui um lembrete: não fui eu não na história do pedido, mas agora já meia-noite eu bem que queria um bifinho...

Cristiane

CrisLima
Enviado por CrisLima em 07/09/2006
Código do texto: T234464