PARA AQUELAS QUE SOFREM

Manhãs de férias são isso, inspiração.

Como podemos perder tanto tempo com o trabalho? E pior, com coisas totalmente estranhas aos nossos interesses. Coisas e fazeres que são praticamente inúteis.

O homem do século XXI é o operário do teclado.

Ah, o frescor da manhã, o fazer o que quero, sem dizer nada a ninguém... É uma pena esse estado de coisas durar tão pouco.

Na vitrola, A Viagem, do Roupa Nova. Essa música me traz uns sentimentos que nem sei explicar...

Mas, vamos lá, a vida continua e a filosofia é coisa de quem está com a vida ganha.

Menina, fiquei sabendo que você sofre por se sentir culpada com as coisas que faz? Você fica aí encucada, portando o chicote e açoitando sua consciência sem parar, o que é isso, menina?

Sentir-se culpada não alivia o mal que fizeste, se é que fizeste algum mal. E em verdade, acredito que há um espaço para o livre-arbítrio na vida humana.

Um pequeno espaço.

Contudo, também possuo a forte crença de que em muitas e muitas coisas não temos um controle efetivo sobre aquilo que fazemos.

Por exemplo, não temos controle sobre as coisas que surgem em nossas mentes, espontaneamente.

Quantas vezes já tive vontade de matar alguém, por exemplo?

Também não conseguimos controlar os nossos desejos.

Você poderá até discordar disso, pois controla os seus, mas em verdade, mesmo não efetivando ou lutando por esses desejos, você sabe que eles estão aí. Bem no fundo, latentes, prontos para explodir. Não é?

É difícil aceitar, mas somos fortemente condicionados por uma série enorme de fatores. Ouça bem, condicionados, não determinados, mas esses condicionamentos são muito poderosos e às vezes nos levam por caminhos que não queremos.

Sei que és forte, aliás, isso parece ser a sua maior característica, mas por favor, please, não se cobre excessivamente, não queira ser perfeita, o teu fardo já é pesado, eu sei.

A culpa, num tempo imemorável, nasceu assim:

Primeiro alguém fez alguma ação indesejada e causou uma conseqüência ruim. Assim primeiro foi julgada a conseqüência do que essa pessoa fez.

Logo após, quando culpar a conseqüência já parecia pouco, começaram a culpar a ação “ruim”. Então ato e conseqüência começaram a ser objetos de culpa.

Mas ainda era pouco, depois que foi visto que alguém fazer algum “mal” e causar algum “dano” ser culpado por isso não era suficiente, começaram a culpar todo o ser do homem.

Já não era mais as conseqüências do que ele fazia, nem os atos que praticava, mas todo o ser do homem era considerado agora mal, culpado.

E sua consciência devia então impor aquele infinito açoite que pune dia e noite os culpados.

Que maldade fizeram conosco, você não acha?

E por que digo todo esse monte de coisas nessa enorme carta?

Porque não existe um ideal de homem. Não existe um fim. O conceito fim é uma criação, na verdade falta-nos o fim.

Por isso a culpa é uma armadilha traiçoeira. E pior, inútil.

Inútil porque não recupera o mal que porventura viemos a cometer, e inútil porque nos impõem sofrimentos por coisas pretéritas.

Como se tivéssemos o poder de modificar o passado.

Olha, menina, sei que agora mesmo tem um tanque enorme de roupas para você lavar e essa mesma roupa você deverá também passar, e bem passadinha.

Culpados ou não culpados a vida continua tal qual sempre foi, com tanque de roupas, pias cheias de louça, casa para ser arrumada, enfim...

Não deixe que esses pensamentos daninhos estraguem a felicidade que merece ter.

Esvazie a cabeça, pense leve... Já te disse que meditar ajuda e muito.

Crie juízo!

Beijos e até a próxima.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 22/06/2010
Código do texto: T2334341
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