Dor de amor
É. Não tem jeito não! Você tem o dom da repetição. Logo você que diz não gostar de mesmices, desdenhosamente as comete às escâncaras... Não há explicação cabível, não é?
Deveria, mas já não sinto o amor e o ódio misturados aqui dentro do peito e da mente, passando pelo meu corpo e causando uma confusão de mal estar tremenda – como aconteceu da primeira vez.
Agora é diferente. Não menos confusa estou hoje, é certo. Meus sentimentos têm a ver com um pouco de raiva (mas é de mim mesma), uma raiva danada misturada à indignação, incredulidade, tristeza, angústia, solidão, vazio, incerteza, medo, vergonha, pontadas no peito, vontade de chorar o tempo todo e mais sei lá eu o quê...
... coisas que me atormentam o dia todo, minuto a minuto, deixando-me num descompasso só. E tudo isso por alguém que tem as respostas para o mundo menos pra si mesmo! Mas, que apesar disso, ainda não conseguiu se encontrar. Que pena! Uma pessoa indescritível como você, inteligente, tão linda, de uma sensibilidade e afetividade sem igual, carinhoso como já não se vê por aí, e, como se tudo isso não bastasse, ainda é um grande sedutor... Impossível lhe dizer não! ERA impossível, porque agora, sabendo dos dotes do moço, o melhor a fazer é se armar, não é? Vai que a gente encontra com ele por aí desprevenida, destilando charme e outros olhares como só ele sabe fazer...
... vale pra gente se garantir de qualquer recaída usar como proteção, alho, galho de arruda, e até crucifixo acompanhado da imprescindível água benta.
Acho que assim não tem perigo! O que você acha?
São José dos Campos, 13 de junho de 2010