3ª Carta que escrevi para você
Terceira carta poética ao bem amado
Quando penso em você parece que escuto seus passos vindos em minha direção.
Imagino que estará com um sorriso inebriador. Sinto o quarto aquecer, imagino ser seu calor. Sinto seu cheiro. Fecho os olhos e aguço outros sentidos.
Ai! Peito. Perco de vez a razão...
Quero, só quero cada vez mais essa imaginação. Quem quer ver a realidade? Quero mais é sonhar, imaginar, talvez cogitar... Mas como é bom flaneur!
– Digo-te que quero algo. Quero o que você veio aqui me dar.
Pode ser loucura? Não! Definitivamente você está aqui. Eu até te vejo. Eu posso sentir-te, tocar-te. Não é mágico?
Abre os braços pra mim, pede para eu te abraçar com tanta euforia que chega a ser ensandecedor. Minhas pernas tremem, mas vou.
Não quero que ninguém me diga que tudo isso é uma ilusão, imagem psicodélica. Não quero saber se foi desejo, ansiedade, ou se uma obsessão me fez a ti materializar. Obsessão? Que importa? Quem precisa de uma verdade agora, que vão para o inferno todas as verdades que não me interessam no momento. Por favor, deixe-me sonhar!
Digam mal de minha loucura, mas deixe-me feliz com ela.
Eu quero é sentir sua respiração ao chegar perto de mim, seu abraço, sentir seu toque, seu corpo, seus pêlos. Quero sentir-te dentro de mim, tal qual, uma parte qualquer do meu corpo. Ó meu Deus! Quero gozar. Gozar o bem-estar de ficar assim contigo outra vez, gozar a mocidade de minha paixão, a vida, o triunfo de minha vontade. Gozar o amor como se objetivo único de um viver. Gozar o suor e o cheiro de fera, ou a carícia com aroma de flor. Não importa. Apenas gozar!
Aí! Gozar a paixão que chega a doer.
Temo não sermos para sempre. E mesmo que infinitos fossemos, ou que pelo menos sobrevivêssemos diluídos em moléculas... Se ainda fossemos matéria escura do espaço, invisível, eu temeria. Temeria a não consciência. Se a certeza de permanecer abstraído na fantasia de uma possibilidade me fizesse feliz? Mas será que ainda sim eu não temeria? Neste estado sei o quanto é bom ter um ao outro, ou mesmo eu a você. Poder pensar que o tenho me excita, me acalma, me faz feliz, me realiza.
Talvez minhas palavras sejam vãs, mas meus sentimentos não o são. E quero que assim sejam. Então, digo-te os Queros que quero agora e que talvez quererei para sempre os quereres de sempre querer enquanto existir. Quero tirar dessa chuva de sentimentos o maior gozo, o melhor, o êxtase. Quero o mais sutil e vulnerável sentimento que tens dentro do meu corpo em meu eu no seu. O que de tão bom é complexo, mas que nem por isso difícil de viver. O que nem por ser infinito deixa de ser sentido como um todo. E assim seja como o meu. Quero sentir aquilo que nem a bruxaria conseguiu explicar: a paixão, o amor. Quero tudo que poder me dar neste momento. Quero por um momento a sensação infinita do prazer de ser desejada. Quero um ego inflado, o ápice. Quero o brilho do Deus-Sol. Quero ofuscar de tanta felicidade. Eu quero mesmo é gritar! Você está aqui. Aqui em minhas mãos, no meu corpo, com os dedos nos meus cabelos, escorregando em meus seios, lambendo meus lábios, me embriagando de prazer, quimera? Eu estou pronta para você. Quero-te assim.
Não quero saber se você está aqui de verdade ou de imaginação, o importante é que me faz chegar. Já me basta sentir o inexplicável que nem por isso é menos concreto. O resto é praxe, cartilha, memória, é vez das práticas! O resto é comigo.
Então, quem quer que seja não me belisque. Não me acorde como se isso fosse me fazer um bem. Bem é amar! Amor no sentido da carne e de imaginação. Amor em flor de sangue. Amor em ação. Amor de plástico, amor de vento, rosas, amor no sentido que melhor lhe convier, amor de fogo ou até de estação. Amor!
Não quero nenhuma teoria esdrúxula para dizer o que só eu comigo e ninguém mais pode sentir. O amor é assim, uma experiência única pra cada um, não existe parâmetro, tabela de comparação, para que perder tempo medindo-o ou conceituando? Isso é masoquismo, insegurança, mania de frustração, medo de perder-se e não querer mais voltar. Medo de amar, de ser amado, medo de se libertar. Medo da loucura, medo de viciar. Frustrem-se quem quiser. Estou a gozar.
Já fiz minha escolha: quero sonhar, quero viver, quero gozar. Gozar a vida do amor.
Eu quero chorar. Chorar uma emoção, eu quero agarrar-se aos cabelos sem medo algum, em um desespero bem vindo, desespero de prazer. Prazer de saber que não me arrependi de em nenhum momento da vida ter feito meus desejos valer. E em alguns momentos quase ter estourado de alegria por assim viver. De sentir a felicidade de ser eu mesma e está comigo sem medo. De arrancar os postiços e ficar in natura comigo, e de antes de ter sido mulher para você, mulher para mim, mulher em todos os sentidos possíveis, na forma que imaginar. É meu o corpo, os dedos e as partes. Ora! É minha a imaginação. É seu meu desejo, os queros, a paixão e o amor.
Brinquei de endoidecer, é verdade... E te enlouqueci comigo. Agora respira de cansaço em meu colo, treme e geme sorrindo. Ama a vida assim. Em pêlo sem nada mais querer.
Durmo feliz contigo — não importa se de imaginação — para acordar só e esperar em outro momento oportuno o fenômeno ocorrer e tudo de novo imaginar! Tenho desejos de ti em carne e de você em essência. E sei que toda essa fantasia que por hora vivo só, sempre se realiza quando estou perto de você, porque assim como eu te dei, me deste o corpo e o amor. Amo-te muito.
Escrevi esta carta para alguém que está a muito tempo em minha vida, mas para preservá-lo retirei o nome. No entanto, pedi permissão para poder publicar.