Composição de mim
Me compões na solidão perfeita,
nota a nota tocadas no silêncio,
sob a luz de um candelabro e sua vela se esvaindo em cera.
Se não há luz, não há sombras,
segue então o candelabro e sua vela,
se esvaindo como a dama da noite,
pobre flor que chora de frio
molhada pelo orvalho da madrugada.
As notas padecem melancólicas,
passeando pelos tons mais trsites.
Os dedos doídos pelo esforço
em me compor, não sei quem sou,
se sou violão ou flauta, voz ou canto,
quem sabe apenas um triste solfejo.
Ou um desencanto.
E a vela se apaga, lá se foram as sombras,
as notas, a cera.
Quem sou eu agora na escuridão de meus sentidos?