Querido amigo Bruxo,
Diante da perda de meus textos, você me escreveu: (...) "de tudo na minha ausência, amiga, o mais imperdoável da minha parte foi não ter te dado um ombro solto quando perdeste os teus textos. Senti, como senti uma vez quando perdi alguns meus e uma peça.... Se falhei, desculpa. Só espero que pense assim: "Eu posso construir melhor, eu vou construir melhor!... Mais madura, construirei melhor!" (...)
E arremataste linda e emotivamente: "Texto inédito e inconcluído enquanto minha tia estava no hospital, sem titulo nem nada."
Enquanto eu perdera meus textos, de teus olhos escapavam os últimos suspiros dela, sua querida tia-mãe, Dona Elvira.
Rebento, choravas.
Querido, você deu sim. Deu-me como era possível. Deu-me o que era suficiente em preocupação e amizade. Mais não podias. E nem adiantaria, não é mesmo, amigo? A gente fica tão pirada nesses acontecimentos que o que quer mesmo é que o amigo venha e os deposite sobre nosso colo: "Aqui estão. Salvei-os no espaço!" . Queremos que os amigos sejam Batman, Superman, virem deuses.
Houve aqueles que sequer uma palavra escreveram. Entristeci-me.
Faltou--lhes sensibilidade... sobrou-lhes indiferença.
Certos atos e/ou a falta deles, bem sei... , fazem toda a diferença num relacionamento.
Silenciei-me.
Mergulhei no meu lago de águas tão antigas! Poemas que datavam desde 1970 e nunca vieram à luz. Nem virão. Podados de terem asas...
A ti, poeta amigo, sobraram generosidade e aflição para comigo, mesmo no teu momento de dor e despedida...
Abraço-te com braços que se alargam para abraçar-te.
E agradeço.