QUERIDOS BOBS & MARLEYS
... Era brincadeira? Não quero e nem posso crer! Vocês diziam: "Ya, mon ... Irie Irie ... no problem!". E eu acreditava. Nestes dias, oprimem o coração as manchetes que se propagam ao redor do Globo.
É irreparável a supressão de verdadeiras riquezas próprias dessa ilha pela qual me apaixonei; vidas ceifadas e a sentença de fim dos sorrisos que cativam, do cerrar de olhos amistosos, do descontinuar da alegria. Ofuscam-se os valores que caracterizam os autênticos intérpretes do "reggae".
O que estaria ocorrendo na mente dos adeptos do "Rastafari", desse povo que se nutre do saboroso peixe salgado preparado com "ackee" e que degusta o delicioso café "Blue Mountain"? Mares ao redor, tão belos, ter-se-iam manchado de sangue? E toda a flora e toda fauna que aí deixei, perderam seu encanto?
Hoje, na programação, não constavam os exames escolares, as repetições das danças folclóricas coreografadas para a festa da Emancipação, nem os treinos nas pistas da glória, reservadas aos futuros "Usain Bolt". Mas, os confrontos armados, o arder das chamas e as mortes contadas às dezenas apareciam nas primeiras página dos jornais e eram comentados nos noticiários internacionais.
Há um mal-entendido nisto tudo. Não previa Henry Belafonte os acontecimentos atuais quando projetou a menina deixada em Kingston, com sua voz de espetacular sucesso, na famosa "Jamaica Farewell". Em lugar da ira, nos versos da canção, a tônica não era o amor?
Recém partia dessas terras apenas em gozo de férias. Hoje, porém, tendo na memória lamentos nas vozes silenciadas em St Andrews, em Tivoli Gardens ... não sei se volto. E voltando, se permaneço, "me no no".