Arrivederci
Aqui vai o desabafo que eu nunca pude ter com você.
Sabe, eu fui muito burra, imatura, egoísta, rebelde sem causa, com você. Mas, você foi grudento, idiota, desprovido de amor-próprio – por um tempo. Sim, NÓS, meu querido, NÓS ERRAMOS. Mas, cada um levou as coisas pro seu lado. Eu magoei, você me magoou, nós nos magoamos. Nós dançávamos, em ritmos diferentes, tínhamos – temos- objetivos e jeitos tresloucados de levar as situações que nos são advindas. Era como se eu falasse aramaico e você falasse italiano, a gente não se entendia, e era difícil se entender além das crises de solidão e de muito amor. Era como se a gente só pudesse se entender quando estivéssemos somente você e eu, sim a natureza entre nós chegava num consenso de optar pela nossa própria linguagem que na maioria das vezes, eram dos beijos mais doces, do cheiro de leite, da cara de sono, do sexo mais intenso entre outros et ceteras . Mas, esse amor só fluía quando estávamos próximos, quando estávamos ao alcance dos olhos um do outro, eu via flores em você, via o meu futuro espelhado entre meus olhos de ingenuidade e paixão - sim, eu julgava amor, pode ter sido amor ali, mas hoje, eu julgo paixão, porque paixão cega . Não sei o que você via em mim, não tinha – quer dizer não tenho o poder – de ler pensamentos dos outros, mas, acho que você chegava perto do que eu pensava: querer um futuro lindo pra nós. Deitar com você cedinho - mentindo pros meus pais dizendo que eu tinha aula de manhã – e ver aquela sua cara “ atrasou de novo” e andar pelo hall e entrar no seu quarto, jogar a bolsa no chão, me jogar na cama e tirar os sapatos com os pés enquanto você escolhia a música que nós íamos ouvir – obrigado por cada música, hoje elas me lembram você, mas, não me doem- e você deitar na nossa cama de solteiro, me dá um selinho, me abraçar me beijar Intensamente, e os et ceteras e tal. O cuidado pra farda não amassar, pra cama não fazer barulho, ops, eu fazer barulho demais . Acho que essas coisas se enraizaram de maneira forte em mim, e eu nunca me dei conta, porque eu sempre achei – veja bem, passado, hoje não penso mais assim – que por mais que nós brigássemos que você grudasse em mim, que eu criasse abuso daquilo e acabasse com você, nós, as pessoas feitas pra durar, iam durar. Porque brigar é normal até me certo ponto, não é? Mas, nós sempre em ritmos hediondos, meu bem.
Nós nos julgávamos estarrecidos de amor. Estávamos meu bem, sim estávamos, mas, cada qual a sua maneira.Você sabe, odeio essas babaquices de ta falando eu te amo direto – sim, pra mim, a palavra se desgasta, desgasta até o sentimento, mas, novamente diferentes ritmos. Eu gosto de exclusividade – me lembro no dia que te disse isso no telefone depois que nos conhecemos, foi a primeira vez que dizíamos claramente que nos queríamos, que nos desejávamos e ansiávamos pelo próximo encontro que seria de mais ou menos um mês- de atenção – sim, sou carente meu bem- mas, você me supera em cem milhões de vezes. Sabia que isso é uma sensação desesperante pra mim? Sim, parecia que nada que eu fizesse lhe deixaria feliz plenamente, por mais que eu me fizesse em mil e tentasse você ver que eu te amo é só uma maneira de configurar um sentimento da boca pra fora, e não era tão somente isso que eu sentia por você, sim meu bem, era maior do que um mero eu te amo o que eu senti por você, era algo estridente e encantador. É eu sempre vivo nos extremos, entre a dor e o prazer, entre te amar e me magoar.
Quando nós acabamos definitivamente, depois de n tentativas de dá certo, eu vi que eu te amava com tanta intensidade que isso era agonizante pra mim. Eu que prezo tanto pela liberdade do amor pleno e sem correntes, estava acorrentada a você da pior maneira possível, a da devoção e de um amor que acabara pra você, e pra mim vivia com uma vitalidade insuportável. Eu estava acostumada com esse nosso jogo de gato e rato, ao pior ciclo vicioso. Ficaríamos brigados quem sabe por uns 3 meses, mas, depois passaria – ERA,assim, e hoje fico muito satisfeita por isso, porque foi – e nós entraríamos em contato depois de nos isolarmos um do outro, nos encontraríamos, discordaríamos de muitos assuntos- as velhas visões libertarias minhas e conservadoras suas, engraçado né? Porque sabemos que os papéis, às vezes, se confundiam – e eu ficaria te olhando com a minha cara de retardada que adora e não tem coragem – e pensando o quão medo você me dava de você poder me dominar tanto- e você me olhando com aquela cara de bossal que ama e não vai falar pra me matar na unha – eu gosto dessa cara, é engraçada – e no fim nos entediamos, prometíamos para nós mesmo ser diferente dessa vez, que haveria mais conversa, mais tolerância, mais devoção por minha parte e mais confiança do meu sentimento por sua parte. Era assim, era lindo né? Mas, nunca dava certo, eu me estressava fácil quando você começava a me ligar demais, quando queria me cobrar – acho que hoje melhorei um pouco com isso, pessoas tão cabeças duras me fizeram aprender isso- e você me cobrando o velho amor explícito – eu sei que era o eu te amo, mas, eu não me arrependo de não ter dito quando você queria, e só tê-lo dito quando o amor da sua parte havia acabado e da minha parte estava intacto. Não julgo minha maneira nem a sua maneira de amar, uma melhor do que a outra, pelo contrário, eu sou cheia de histerias e com uma significativa frieza pra sentimentos explícitos – isso é o cúmulo do ridículo novamente pra mim – e você carente e paciente – veja bem, eu tenho cacife pra te chamar de carente depois de receber n ligações seguidas suas, a minha voz nem é tão bonita assim por telefone.
Se eu decidi expulsar você de dentro do meu coração com malas e cuia, é porque você não tem respaldo de dignidade diante de mim. Eu vacilei tanto contigo, mas,nenhuma mágoa maior desde que você quebrou sua palavra comigo – “eu vou ser sempre seu amigo”, “você tem metade do meu coração”,” pode entrar qualquer pessoa na minha vida, contudo você será sempre a mais importante”, “ você nunca deixara de ser o amor da minha vida” e mais coisas desse tipo. Não to – nem vou cobrar – nada de você. Você fez suas escolhas, mas, nunca eu vou poder ter lamurias diante de tal coisa. Você é você, leva as coisas do seu jeito.
As pessoas mudam (frase que configura uma pessoa que se tornou muito importante pra mim, e que você nunca saberá, porque ela é demais pra você, com toda a humildade, você nunca seria capaz de compreender a dimensão dessa pessoa pra mim, obrigada, você me fez achá-la)! Você tava predisposto a mudança, eu não. Não vou culpar a convivência com outras pessoas, com outras idéias. Eu me apaixonei por um garoto idiota, amoroso, engraçado, inteligente, com sorriso de lata e olho de peixe morto. Sim, foi essa criatura medonha e linda que eu gostava de coração. Hoje você não é um quarto do que foi comigo, você mudou. E uma notícia diretamente pro seu EGO: “eu não penso mais em você, eu não quero mais ficar com você, eu não quero te esperar, eu não quero ter amor pra te dar, eu não consigo mais! Tô esgotada com você, não insisto mais porque eu não tenho mais fé em você ;) ”.
Não entenda isso como uma ofensa, nem como um motivo para atingi-lo – na verdade pode até ser, mas, sinceramente nem ligo mais, hoje você não tem mais o valor de outrora pra mim – isso é coisas que eu nunca te disse e falar nisso assim, meio que por uma carta não é nada como olho no olho onde somos realmente sinceros. As minhas portas do coração estão fechadas pra você. E não sei quanto tempo vai ficar assim, não gosto de guardar rancor, mas, também não sou hipócrita comigo de fingir que tudo não passou de mal entendido – quando isso NUNCA, leu? NUNCA será mesmo um mal entendido – foram nossas ações que levaram a isso.
Se pudesse ajeitar algo, ainda que soubesse que tudo daria nisso, eu teria sofrido mais por você, teria chorado mais, teria ouvido músicas mais depressivas, tentaria te achar mais ainda em outros homens que nunca chegaram a ser seu passado, – veja bem, passado, seu presente é um estranho e não tenho absolutamente nenhuma forma de sentimento por ele- procuraria mais loucamente achar seu cheiro dentro da minha lembrança, e lembraria mais da janela com a cortina que eu adorava – quer dizer, eu e mais as pessoas que sabiam o quanto era legal de brincar com a cordinha daquela cortina- e lembraria mais intensamente de como eu não conseguia demonstrar o quanto você foi especial pra mim. Só pra ter a certeza de que hoje, eu , estou totalmente curada da sua doença. Porque você me adoeceu, você me fez ter raiva de mim, me fez achar que somente eu era culpada por tudo que aconteceu. Ingênua eu, né? Passou querido, sim.
Exorcizar-te de mim, foi legal. Botar fogo em tudo que você me deu, me deu vontade de botar fogo na casa de tanta felicidade daquilo, ver as minhas mágoas e amor indo embora pro esgoto me excitava, queria música alta – teve , e das boas Black Sabbath- queria gravar o momento onde eu te expulsava de mim, onde nesse coração você não tem mais vez.
Não tenho vontade – HOJE, porque antes eu tive demais – de te escachar, te de falar coisas que eu sei que te doem, porque no fundo quem se sentiria culpada seria tão somente eu.
Boa sorte pra você – estou andando e cagando pro que você faz ou deixa de fazer.
Quando precisar já sabe – nunca espero encontrá-lo a não ser por acaso.
Beijos – Foda-se e bem longe de mim se possível !