CARTA ABERTA À MULHER. Não queira fazer uma fotografia daquilo que é filme.
Olá, tudo bem?
A quantas anda o teu coração? A quantas anda a tua vida?
Tens tido tudo que queres, tudo que precisa?
Ou a vida é apenas um eterno treino? Uma simulação?
És remediada? Não te falta o necessário para viver?
E o amor que recebes, tem sido suficiente?
Haverá limites para essa sede que nunca se acaba?
A saciedade nunca virá? Sempre há algo que te falta?
Pois é, querida, ele falhou.
A vida nos mentiu, prometeu e não honrou com sua dívida.
Mas de fato, não foi a vida quem nos enganou.
Ao contrário, fomos nós mesmos quem nos ludibriamos.
Quisemos fazer da vida o que ela não é.
Tentamos tornar rígido aquilo que é flácido.
Buscamos a solidez naquilo que é fugaz, a permanência naquilo que é efêmero.
Sonhamos, tolos, tolos, sonhamos os sonhos que todos os incautos sonham.
Não tomamos a precaução dos céticos, nem a prudência dos desiludidos.
Assuma; você também não é mais a mesma.
A promessa que vendia em teu olhar também não foi totalmente cumprida.
Quem é o culpado(a)?
Esqueça isso, querida, não perpetue teu sofrimento, não torne as coisas mais difíceis.
Não existe culpa.
A vida nos leva por caminhos que não escolhemos.
Você e ele não são culpados, somente quiseram fazer da vida algo diferente do que ela é.
A vaca foi de uma vez por todas para o brejo?
Pois é, da próxima vez não sonhe tanto. Mantenha os pés juntos ao solo, não flutue.
Felicidade?
Não sei se é possível.
Talvez seja possível viver sereno(a). Sem ansiedades e ilusões.
Crie juízo, pois enquanto você leu essa carta, muita coisa aconteceu no mundo.
Muita gente nasceu, muita gente morreu, muitos se alegraram enquanto outros ficaram tristes.
Preste atenção, não se esqueça; tudo muda, nada permanece.
Não queira fazer uma fotografia daquilo que é por natureza um filme.