UMA SIMPLES ALMA DE POETA
Meus parentes daqui da terra pensam que me conhecem a fundo.
Ó, não!
Eu sou um ser de outro mundo.
Meus parentes reais me cederam por um tempo para enfeitar um pouco a vida de algumas pessoas.
Meus parentes reais moram em outras esferas.
Eles me disseram: Vá, leve a alegria, um pouco de tristeza e principalmente poesia.
Quando eu aqui cheguei minha mãe daqui da terra me recebeu com tanta dor e tanto amor.
Ela pensou.
Esta menina, esta menina, é diferente.
Eu cresci em meio ao verde, a natureza, a beleza.
E a simplicidade.
Tive uma infância feliz de verdade.
Veio a adolescência.
Precisei passar por tantos dissabores, tantas e tantas dores...
Precisei não só da minha. Mas da paciência de todos.
Me recuperei. Daí conheci o amor e me casei.
Fomos felizes, eu sei.
Mas eu era diferente, com minha intensidade.
Com meu voar com tanta facilidade.
Uma sonhadora, uma voadora, uma poetisa.
Ele não entendia minha sensibilidade.
E fiquei sozinha.
Numa vida mais minha.
Aí passei a refletir muito nas minhas noites vazias.
Vazias?
Por que vazias se voo, se encontro outras paragens, se sou um ser de passagem?
Esta poetisa sonhadora sente que não é daqui. Tem horas assim que se sente um peixe fora da água, um filhote fora do ninho.
Tem horas assim que sou apenas e tão só um passarinho.
Demorei um pouco para entender, mas por fim compreendo o meu caminho.