Carta de Uma Mulher Oca

Tem uma vida feita de nada.

Cacos espalhados pelo chão, em decomposição.

Percorre cubículos desfazendo pensamentos.

Evita a solidão mesmo sabendo que é meio gente, meio bicho.

Na imensidão procura parceiros ate a exaustão, apenas por alguns minutos de ilusão e prazer.

Leva a mão ao ventre seco, onde não se pode abrigar jamais um feto.

Não sabe se a vida que leva é merda ou é vazio.

Deixa marcas terriveis, lágrimas derramadas que fizeram secar a fonte para sempre.

O seus labios já não alberga o riso, nem espera o prazer de ser mãe.

Agora é apenas um corpo de mulher largada na vida, de espírito envelhecido, amargurada.

O corpo treme ao saber da dor que só uma mulher pode sentir, quando do poder de gerar uma criança.

Precisa de tomar mais um remedio controlado, controlar a dor.

Sexo, álcool e sexo.

Uma mistura explosiva.

Mas é do que se alimenta cada dia que passa por este corpo oco.

Como detesta a vida que levas, sentindo-se prisioneira deste corpo inutil.

Mas é na rotina da busca de preencher-se que se mistura com pessoas "cheias".

LOIRALIZ
Enviado por LOIRALIZ em 14/05/2010
Reeditado em 14/05/2010
Código do texto: T2257663