____UMA CARTA DE DESPEDIDA___

Você não compreende as feridas da minha alma, porque

não as sentem como eu.

Diz querer prosseguir enquanto retrocede.

Não há dor maior que o vazio da presença ausente.

A vida passa tão brevemente que só percebemos quando

a velhice nos visitam com lembranças nostálgicas.

Um dia eu tive medo, acreditei na minha fragilidade e regredi

covardemente nos medos que só existiam em meu inconsciente.

Então me violentei sendo quem não era, acabei mergulhando

num abismo de dor e sofrimento.

Não tive redenção e nem perdão porque estava caminhando

distante da verdade que havia.

Embriagada com tolices e mentiras que mascaravam quem eu

eras de fato.

Mas um dia o caminho escuro e trevoso se abriu em meio as

luzes dos anjos que salvam almas perdidas.

Mesmo que minha boca não clamasse, meu coração pulsava

e pude ver que era possível voltar ao começo.

Cansada e exausta não mais pensei, por já tantos pensamentos

confusos, apenas aceitei.

Então senti o sopro da vida pulsar em minha alma e pude assumir

as rédeas do flagelo do meu ser.

Decidir não mais sofrer por algo que não podia conter ou mudar.

Me libertei e aceitei que somos senhores dos nossos destinos.

Sejam glorias ou ruínas, somos nos que temos que aprender e

evoluir e não o outro.

Tao pouco assumir a responsabilidade alheia da evolução como

nosso destino.

Então senti em meu coração a hora de me despedir e de me abrir

para o novo.

Porque já não havia culpa, nem remorso, apenas a sensação

que o fim é sempre eterno recomeçar.

Cecilia Garcez
Enviado por Cecilia Garcez em 12/05/2010
Código do texto: T2253474
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