Barca...

Escrevo aqui para que min'alma não seja consumida pelo inferno dos dias em que vivo...

Gasto no papel meus versos mais agudos e ensanguentados;

Morro por dentro e quebranto-me nesta esperança de amor juvenil, inconsequente, maldito entre olhares alheios...

Escrevo para não suportar a ferida, exposta, tão só e precocemente...

E nestes instantes em que escrevo, esqueço que tudo há em volta e que tu és tão fraco quanto meus desejos...

Rubrico nestes grifos a maldição de entregar-me sem, sequer, haver razões e glórias.

E quando cansar-me de escrever, talvez num jazido, eu possa me debruçar e soluçar sem medo do findar... Maior medo deste existir tão repleto de dúvidas e mentiras...

Medo de AMAR, novamente, e despedaçar-me aos versos tão negros...

Medo de ti e deste olhar de menino...

Esta pureza que só existe enquanto é presente...

Estes olhos que mentem e, mesmo não crendo numa mentira, dou-me a eles...

Dou-te minha vida sem perguntar, sem nada a colher, sem certeza do que virá a ser...

E matar-te em pensamentos já não posso.

Matar-me-á, então, esta paixão, este amor, estas labaredas tão incessantes...

Matará tudo em mim e deixarei que assim seja... Até que os ventos futuros soprem minhas cinzas sobre tua juventude...

Sobre teus menos castos amores...

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 11/05/2010
Reeditado em 11/05/2010
Código do texto: T2250726
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