Barca...
Escrevo aqui para que min'alma não seja consumida pelo inferno dos dias em que vivo...
Gasto no papel meus versos mais agudos e ensanguentados;
Morro por dentro e quebranto-me nesta esperança de amor juvenil, inconsequente, maldito entre olhares alheios...
Escrevo para não suportar a ferida, exposta, tão só e precocemente...
E nestes instantes em que escrevo, esqueço que tudo há em volta e que tu és tão fraco quanto meus desejos...
Rubrico nestes grifos a maldição de entregar-me sem, sequer, haver razões e glórias.
E quando cansar-me de escrever, talvez num jazido, eu possa me debruçar e soluçar sem medo do findar... Maior medo deste existir tão repleto de dúvidas e mentiras...
Medo de AMAR, novamente, e despedaçar-me aos versos tão negros...
Medo de ti e deste olhar de menino...
Esta pureza que só existe enquanto é presente...
Estes olhos que mentem e, mesmo não crendo numa mentira, dou-me a eles...
Dou-te minha vida sem perguntar, sem nada a colher, sem certeza do que virá a ser...
E matar-te em pensamentos já não posso.
Matar-me-á, então, esta paixão, este amor, estas labaredas tão incessantes...
Matará tudo em mim e deixarei que assim seja... Até que os ventos futuros soprem minhas cinzas sobre tua juventude...
Sobre teus menos castos amores...