A Ti, Filho, pelos Teus 31

Amado Filhão,

Sou “pai escritor de cartinhas” sempre que precisei dar ênfase a algum ponto de vista, ou chamar a atenção para alguma situação, ou registrar momento muito feliz.

A tecnologia nos leva a sofisticação e hoje, substituí as cartinhas por “apresentações pps”.

Quando vocês eram mais jovens, agia assim, para fugir da conversa olho no olho. Meu desequilíbrio emocional e autoritarismo impediam a serenidade necessária para argumentar às prováveis divergências e nem suportar demonstrações de que o papo era muito careta e sem interesse.

O papel, ou melhor, a página do “Word”, é submissa aos nossos pensamentos e emoções expressos pela caneta, ou melhor, pelo “teclado”.

Esse relacionamento na atividade de escrever é próximo da fantasia: sem conflitos, sem discussões, sem agressões. Doce fantasia...

Trinta e um anos separam a primeira das duas mais exuberantes, fantásticas, alegres e realizadoras experiências da vida de teus pais, o teu nascimento.

Tua mãe e eu, “marinheiros de primeira viagem” e, além disso, sozinhos em São Paulo. Entretanto, a sempre prestativa canceriana, tua avó, chegara e estava a postos.

Nessa ocasião trabalhava numa montadora de rádios e televisores. Tua avó telefonou avisando-me que irias nascer na parte da tarde e deu-me o número do quarto.

Chegando lá, já encontrei tua mãe em processo de contrações.

Diferente do nascimento do caçula, o médico não permitiu que assistisse e, muito menos, que participasse do parto.

Tua mãe saiu para a sala de parto . Tua avó e eu fomos para outra sala onde ficavam os pais ansiosos. Nesta sala existia um painel luminoso com os números dos quartos em duas pequenas lâmpadas, uma azul e a outra rosa.

Tua avó puxava conversa para reduzir minha ansiedade, que não me deixava tirar o olho do painel.

Luz azul no painel e o abraço da velha guerreira , tua avó. Envolvidos por tempestade de raios de alegria e por chuvas de lágrimas celebramos o mais forte e pujante fenômeno da vida, o nascimento.

Até aqui trinta e um anos se passaram. Que privilégio e felicidade celebrar as datas de nascimento dos filhos já “trintões”.

Não posso deixar de registrar nossos agradecimentos por tua grande ajuda no processo educacional de vocês. Com tua intuição, ao passares pela rua e assistires às atividades escoteiras no pátio do colégio vizinho, decidiste abraçá-las.

Agradeço-te, pois tenho certeza que foi fundamental para a educação de vocês.

Já disse, mas é bom repetir: teu pai escreve mais do que sente, enquanto tua mãe sente muito mais do que escreve; o amor da tua mãe por vocês foi e é incondicional. O meu foi e é só enquanto vocês forem esses tesouros, essas pérolas, esses exemplos, onde aprendi a ser melhor e mais feliz.

Mas, uma coisa é comum em tua mãe e em mim, não conseguimos nos controlar, somos vaidosos e orgulhosos de nos terem escolhidos como pais.

Certa vez, assistindo palestra numa sociedade espiritualista, o palestrante afirmou: a paternidade e a maternidade fazem parte da Lei do Retorno, são resgates cármicos. Só os que em vida, ainda têm carma para resgatar tornam-se pais e, da mesma forma os que nascem, pois quem esgotou seu carma, cessou seu ciclo de nascimento e mortes.

Pois é, tua mãe e eu sempre comentamos sobre isso e que vocês fizeram nosso resgate cármico tão bom e prazeroso como uma tigela de açaí, ou uma banho na Praia Grande em Arraial do Cabo ou, ainda, escutar a melodia , quando vocês nos chamam de Tusca ou Mãezinha, de Gordinho ou Paizão.

Admiramos demais tua doçura e tua iniciativa escoteira. Somos fãs da tua habilidade e delicadeza ao tratar pessoas. Teu prazer em viajar e tua sensibilidade nos comove.

Somos orgulhosos e convictos de que o mundo é melhor porque tu vives.

Filhão parabéns pelos teus 31. Esperamos que o universo continue conspirando a teu favor e que estejas sempre acompanhado da saúde, alegria, paz ternura, harmonia, trabalho, tolerância, carinho e prazer. Enfim, que estejas sempre acompanhado de tudo de bom, de bem, de belo e de sábio.

Esperamos que a criança, o adolescente e o jovem que foste, que ajudaram na construção desse homem desbravador de ilhas, rios, serras e novas fronteiras, continuem para sempre temperando a harmonia de tua mente e coração de homem maduro.

31 beijinhos.

Mãezinha e paizão.

“Filhão 31” são nossas rimas para celebrar o Natal mais feliz de nossas vidas.

Filhão 31

Das dúvidas, ferem mais as do coração

Ou aquelas germinadas na mente?

Uma a razão desconhece, a outra desconhece a razão.

Garante a colheita, quem seleciona a semente.

Lava a alma com alegria,

Alimenta a mente com bons pensamentos,

Sova os monstros da fantasia,

Crê em ti, guia de teus momentos.

Olha o curso do teu caminho

E verás um bom caminhante.

Longe, no passado, pegadas de menino.

Hoje, as de homem, amigo, guia e amante.

Ontem, menino. Hoje, homem. Sempre, filho.

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J Coelho
Enviado por J Coelho em 09/05/2010
Reeditado em 22/01/2019
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