DEPOIS DE TANTO TEMPO
Depois de tanto tempo assumo que lembro.
Depois de tanto tempo confesso que, às vezes, ainda penso.
E que talvez, mesmo no começo, houvesse saudade em meio aquele rancor imenso.
Ouso supor que, se me beijasse agora,
Pela primeira vez eu retribuiria com sentimento
E, também pela primeira vez, lhe diria o que sinto sem mais constrangimentos.
Deixaria de ter tanto medo de ser tudo um engano.
Não me desgastaria procurando a verdade em seus olhos diariamente.
Permitiria que me conquistasse por inteiro e completamente.
Teria coragem para persuadi-lo a mostrar o que possui de melhor,
Para repreendê-lo como sempre desejei fazer,
Para ser a amiga que o medo e o egoísmo de nós dois me impediram de ser.
Por fim, deixaria que descansasse o peso da vida em meus ombros
E lhe diria: “Sossega esse espírito inquieto, pois eu te entendo”.
É estranho imaginar isso depois de outras pessoas e depois de tanto tempo.