Meu Romance
Esta será outra carta que jamais lerás, portanto poderei abrir meu peito, sem restrições.
Como abril tem exatamente trinta dias, hoje está fazendo exatamente um mês que escrevi minha declaração de amor por ti. Pouco avançamos neste “meu romance” – apenas o mínimo suficiente para que ele seja levado em consideração - como um olhar mais malicioso, um sorriso cúmplice e umas insinuações picantes, de parte a parte.
Queres saber de uma coisa? Isso me basta e alimenta as minhas expectativas, embora sem muita convicção...
Afinal, para quem não esperava qualquer emoção romântica e pensava já haver “pendurado as chuteiras”, como eu pouco tempo atrás afirmava, brincando e, reconheço, sem qualquer comprometimento, repentinamente sinto-me envolvida numa teia que talvez eu tenha urdido e na qual estou enredada.
Já sabes do meu sentimento e eu também sei do teu, ou seja é inexistente. Não importa, assim como não irá importar
que jamais haja uma concretização.
Nem calculas o efeito que tua simples proximidade e essas pequenas brincadeirinhas que um provoca no outro têm feito em mim. Um deles, por exemplo, sei que já observaste: estou mais alegre e vaidosa; ando cantando – literalmente, pois as minhas caminhadas matinais eu as faço cantando e as pessoas que cruzam meus caminhos, surpreendidas pela música, sorriem (nunca sei se os sorrisos são para mim ou “de mim”).
Amor, dando certo ou não, este período amoroso que estou vivenciando e do qual és a razão, não vai ficar com marcas de sofrimento, ao contrário, serão momentos muito especiais que uma pessoa especial, como tu, conseguiu despertar numa mulher que havia adormecido.
Meu Amor, obrigada por este amor que despertaste...