DESPEDIDA (queria que este dia nunca tivesse existido)

Em 11/05/2006

SAMUEL! SAMUEL!

Chamo por meu filho em vão, porque ele não irá voltar.

Deus, o soberano, o chamou e Samuel disse: “Falai Senhor, teu servo te ouve”.

Meu Samuel gostava tanto da história do profeta Samuel e sempre dizia que quando crescesse seria profeta e médico.

Em nossos últimos momentos, pareceu que sabia do que lhe aconteceria, pois neste dia despertou cedo, ansioso para ir à escola.

Beijou meu ventre, tomou seu desjejum, orou, beijou novamente meu ventre e antes de sairmos me olhou tão profundo.

Ele sabia...

Na escolinha ficou bem juntinho da sua professora Amanda que ele tanto admirava. Fez as provinhas, abraçou forte a diretora Telma e a cada uma das “tias” pela primeira e última vez.

No dia 11 de maio de 2006 meu filho partiu! Queria que este dia nunca tivesse existido. Desde então meu presente tem sido mesclado com dores e alegrias, saudade e presença, morte e vida, pranto e riso, vitórias e derrotas, prisão e liberdade, ódio e amor,

Que luta! Onze de maio me faz lembrar que é mais um ano sem Samuel, lembrar do primeiro mês sem ele e de todos os que se seguiram, viver o primeiro ano foi extremamente difícil, a ficha não caia, eu não conseguia crer ou admitir que Samuel não mais voltaria, um ano de dor, de sofrimento sem medida, de perdas, de danos... O segundo ano então foi terrível porque percebi que sua morte era real e sem jeito e me senti culpada por continuar respirando , sem conseguir expressar o que estava sentindo,ah como o queria de volta, como queria não sentir essa dor acompanhada desse vazio e frustração.

Hoje, a certeza de que ele realmente se foi vai se confirmando e rasgando meu coração.

Dizem que o tempo cura as feridas da alma, mas sinto efeito contrário, pois as minhas continuam a doer ainda mais, pois sinto com mais intensidade a dor, o vazio, a tristeza, a sensação de impotência e o horror daquele onze de maio, todos os dias de minha vida.