Não me deixe seguir só.

Se pudesse viajaria para bem longe...

Afastava-me de tudo e de todos;

De tudo que tenho vivenciado.

De todos que tenho visto nestes

últimos quarenta e três anos.

Essa mesmice corrosiva e doentia

que nos assola e fere!

Da força desproporcional;

Da futilidade;

Do imediatismo;

Do individualismo convicto;

Do tudo eu;

Do primeiro eu;

Do tem que ser assim;

Do jeitinho;

Da lei da vantagem;

Do desamor desenfreado;

Da falta de poesia;

Da violência que nos consome e

mata, todos os dias;

Do poder corrompido que só serve

a quem é igual e do meio;

Da insensatez arquitetada;

Da irresponsabilidade pensada e

meditada;

Da ignorância cultivada e regada,

dia após dia.

Ah, se pudesse viajaria!

Fugiria de mim.

Você, que conheci agora, quer vir

comigo?

Venha comigo!

Não me deixe seguir só;

Não te prometo nada de excepcional,

apenas algo diferente.

2010.

Paulinho de Cristo
Enviado por Paulinho de Cristo em 29/04/2010
Reeditado em 05/04/2011
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