EXPURGO


Fugi da tua saudade constante
Apaguei da tua imagem
As feições do teu semblante
Bani a rotina do meu sempre
Permiti-me, livre de ti
Levei-me a sério na vida
Ressarci-me de aparentes alegrias
Jurei um nunca mais,novamente
Esqueci o ditado dos teus dizeres
Rasguei a certidão dos nossos prazeres
Previni-me às tuas investidas
Guardei-me toda vestida
Arranquei os lençóis da cama
Desvencilhei-me dos teus desmedidos abraços
Desacreditei de vez dos teus pedidos
As tuas promessas líquidas
Esquivei-me dos teus múltiplos beijos
Evitei o teu corpo despido
Resisti à tua pele até ao meu avesso
Joguei as tuas flores no exílio
Deixei tudo no preto e no branco
Decidi viver sem ti
Sem o teu sentir
Silenciei meu soluço convulso
Sufoquei meus íntimos desejos
Calei-me aos teus doces murmúrios
Encobri a minha verdade inexata
Estanquei a lágrima atrevida
Disfarcei a tristeza no rosto
Queimei os teus retratos da penteadeira
Revivi todo o passado contigo
Devolvi nossos sonhos ao acaso
Bendisse a tua ausência
Contei a dedo, todas as mágoas
Diluiu-me as peremptas lembranças
Desfiei a nossa história
Confessei em desabafo
Fiz-me só sem tuas mãos selvagens
Senti ser tudo em vão
Lancei minha dor a céu aberto
Esperei,ainda, a última tropa das tuas justificativas
Restou a cica das tuas desculpas
Ponderei a razão sem rodeios
Lacrei meu segrêdo no tempo
Tentei seguir em frente
Arrisquei um novo amor fugaz
Ousei um destino minaz
Doeu-me à beira da agonia
Substitui teu nome em outras noites
Mas,chamei-te por mero engano
Selei meus ouvidos num assombro
Fingi o meu espanto
Descobri num breve relance
Que ainda te amo......