Granulado Celeste
Vejo a noite em seus olhos. Só não vejo as estrelas. Talvez porque as luzes estejam acesas. As luzes artificiais daqui de baixo... As luzes artificiais lá em cima... Onde moro, o céu tem mais estrelas. Porém, não acredito que seja o mesmo céu a cobrir nossas cabeças. Nem creio que sejam as mesmas estrelas que escutem os desejos meus e seus.
Suas palavras viram pó assim que saem da boca. Não me atingem mais. Nem pro bem nem pro mal. Não acredito em você. Não acredito mais. Eu as embalava em redomas de ilusão. Quando um dia, resolvi tocá-las, se desintegraram na minha mão.
Vejo faróis indo e vindo. Nessa noite escura, escuto minha própria respiração. Eu, eu mesma e o silencio. Sentindo na tristeza um estranho conforto. Reconhecendo na solidão o alento de uma velha conhecida cujo colo sempre foi lugar comum.
Ouvi sua voz. Ensaiei uma malcriação. Desculpas... Mas nem uma palavra... Quis perguntar. Você não quis responder. E o amor? Já não espero mais... Não desisti dele... Você desistiu de mim.