Assombra-me
Olá, você que se tornou uma assombração na minha vida.
Creio que também passei a ser a sua assombração pessoal.
Mas fala se não é bom ter assim uma assombração presente?
Até que nem nos assustamos com a presença uma da outra.
Deixamos rastros em aquários compactados, em fazendas descuidadas.
Presenteamo-nos com tantos ovos achocolatados e óvulos aquáticos...
Tudo tão alegremente sinistro, não acha? Eu sim!
Sei quando você está, sinto suas andanças pelo ambiente areado,
Não perco tempo e sempre te mostro algo para que aprove...
Você aprova sempre! O que é uma maravilha, ou não, porque me deixa desconfiada.
Sei realmente de quais fatos você fala, mas fala deles como meus desconhecidos, talvez seja para que tenham a graça de segredos.
Muito louca nossa ligação entre mundos dentro do mesmo plano.
No momento estou cansada de tentar fazer poesia para você.
Isso aí! Cansei-me mesmo, ao menos no momento, daqui algum tempo, talvez...
Sempre é bom reiterar que eu te amo e não quero mesmo nenhum contato físico com você.
Nosso amor não precisa de toques... Se bem que tenho uma grande vontade de dar-lhe um abraço, mas é complicado abraçar uma assombração.
Só uma novidade, porque acho que você não sabe...
O moço não é poeta, é emo. Será que ele ficará melhor se perguntar-lhe se já deu uma morridinha hoje?
Olha, só queria concretizar para você, minha adorável assombração, que você vive em mim como uma presença concreta como o cimento.
Estou aguardando a sua aprovação.
Carta dirigida a minha amiga VestidadeÁgua, cuja resposta encontra-se
na carta “Entre os varais”.
Publicado no Recanto das Letras em 18/04/2010
Código do texto: T2204809