Carta-de-quase-amor

Caro amigo,
Esta carta-bilhete,
Quase não se fecha,inconclusa
Pelas bordas gomadas
Calam-se,aglutinadas de minhas quimeras
Num páreo de palavras aflitas
Incritas num destino sigiloso
Para um enderêço certo
Por tanta urgência
Como ao súbito
De Minerva ao luzir a aurora
Que esta carta chegue-te,válida
Se tu carregas-me,ainda, em teu coração
Que ela chegue-te de tão longe
Ressoando minha voz
Clamando tuas lonjuras
Como se fôssem rumores cavos
Das ondas do teu mar pacífico
Teu nome intemerato,
Esferograficamente, em azul
Que o tempo não o esmaeça
Como um céu desariado
Meus manuscritos silentes
Em desespero maiúsculo
Como os impulsos das paixões raras
Dos desejos prematuros
Dos quereres finitos
Caro amigo,
A minha tristeza está na superfície do presente
O futuro se extravia bem defronte dos meus olhos
A avidez do momento se dilui no passado
O envelope está lacrado
Lambuzo o sêlo com a língua
Como a procurar teu corpo ausente
Envio-te,uma fantasia fabulada
"Se esta vida, se esta vida,
Fôsse minha, eu mandava,eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas de brilhantes
Para você, para você
Poder ficar......"


                                                        Rio,01 de março de 2008.