A dor do desespero.
Ligo a televisão e me prendo a uma imagem.
Uma imagem de alguém que aponta em uma direção.
O câmera segue o gesto, mas a câmera não mostra ‘nada’.
Só entulhos e terra misturada ao lixo.
Presto atenção na expressão e no gesto.
A expressão é de desespero.
O gesto é cansado, desanimado.
O desespero de quem perdeu parentes, amigos, vizinhos e o Lar.
É vítima agora!
O cansaço e o desânimo são por conta de ter sido sempre vítima!
A vítima de hoje é filha e neta de outras vítimas, de ontem.
São vítimas do descaso, da ganância e da irresponsabilidade.
Vitimados por uma política pública que quase nunca existiu.
Vítimas da cultura do “primeiro eu, segundo eu, terceiro você...”.
Se for possível!
Interrompo, por um momento, o meu café e faço uma prece.
Rogo a Deus que os ajude e a Jesus que os conforte, ou seja,
peço a Eles para fazer o que eu gostaria de fazer, mas não o
faço por pensar que os meus afazeres são inadiáveis.
Quem sou eu?
2010.