A dor do desespero.

Ligo a televisão e me prendo a uma imagem.

Uma imagem de alguém que aponta em uma direção.

O câmera segue o gesto, mas a câmera não mostra ‘nada’.

Só entulhos e terra misturada ao lixo.

Presto atenção na expressão e no gesto.

A expressão é de desespero.

O gesto é cansado, desanimado.

O desespero de quem perdeu parentes, amigos, vizinhos e o Lar.

É vítima agora!

O cansaço e o desânimo são por conta de ter sido sempre vítima!

A vítima de hoje é filha e neta de outras vítimas, de ontem.

São vítimas do descaso, da ganância e da irresponsabilidade.

Vitimados por uma política pública que quase nunca existiu.

Vítimas da cultura do “primeiro eu, segundo eu, terceiro você...”.

Se for possível!

Interrompo, por um momento, o meu café e faço uma prece.

Rogo a Deus que os ajude e a Jesus que os conforte, ou seja,

peço a Eles para fazer o que eu gostaria de fazer, mas não o

faço por pensar que os meus afazeres são inadiáveis.

Quem sou eu?

2010.

Paulinho de Cristo
Enviado por Paulinho de Cristo em 12/04/2010
Reeditado em 07/04/2011
Código do texto: T2192447
Classificação de conteúdo: seguro