ACABARÁ, ACABARÁ...

Querida prima

A noite se aproxima e, com ela, teus medos, eu sei. Sei também que te conforta o canto da coruja: Acabará! Acabará! Tu já me disseste.

Digo-te, então, que não deixes a escuridão adentrar teu espírito. Faça do sofrimento, teu ponto de luz, tal como escreveu Walmir Ayala*: “Não deixo assim o sofrimento à margem, ou à revelia, tomo-o contra o peito e me ilumino.”

Um desses dias, pássaros sobrevoaram meu quintal e sopraram aos meus ouvidos esta melodia: “na hora mais escura da noite, se faz o clarão do novo dia.” E com ela, um novo alvorecer, com o cheiro da fazenda a lhe banhar de luz. Canto e danço por ti, como dizem os índios, da melhor forma que sei, pedindo ao Criador que renove teu sorriso e te dê forças, com a sabedoria da coruja e a benção das forças da Natureza.

A música ainda ecoa em meu coração. Cada uma das notas salta no peito, tal qual batucada. Oito são as mais fortes, como a de cada filho que tu geraste. Oito! Oito raios luminosos, os quais, no momento preciso, retornarão e recairão sobre teu ser. E a luz se fará novamente plena, como sempre foi. E tu reunirás a família, como sempre fizeste e voltarás a sorrir da vida e na vida, como sempre sorriste.

Acabará, acabará...!

Com afeto,

heleida

heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 11/04/2010
Reeditado em 11/04/2010
Código do texto: T2190331
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