Lembranças de dias chuvosos
Estou encantada com a receptividade e o carinho com que fui recebida aqui no Recanto das Letras.
Hoje durante uma troca de elogios, fui convidada e ler um texto que dizia das sensações e lembranças despertadas pela chuva*.
A leitura despertou em mim lembranças a muito esquecidas. Não sei por quê? E descobri que até vir morar em São Paulo, tinha uma relação muito gostosa com a chuva. Quando criança, era só cair algumas gotas no telhado para que eu saísse correndo para o quintal para brincar... E quando estava doente era preciso um batalhão para impedir meu encontro com a chuva.
Lembro-me que quando estava na fazenda corria para o rio ou lago para escutar o canto da chuva sob as águas e lembro-me de noites chuvosas em que nos reuníamos para escutar histórias de fantasmas e que o barulho das chuvas era música de ninar...
Tenho lembranças de beijos roubados debaixo de chuva e como o gosto da água era misturado ao sabor de salivas quentes de desejos e excitação juvenil.
Durante muito tempo, todas as vezes que chovia, o barulho me conduzia a recordações de brincadeira, risos, medos, beijos, desejos... E por diversas vezes peguei papel e caneta e tentava descrever essas emoções, mas era contagiada de tal forma pelas lembranças, que era impossível ordenar os sentimentos...
Quem sabe agora em que as emoções parecem não exercer tanto domínio eu consiga trazer para o papel, as sensações de brincar com a chuva enquanto ela brincava comigo.
Relatar os gostos e as percepções desse encontro.
Agora enquanto escrevo, a chuva toca as janelas num quase convite para deixá-la fazer parte, novamente, dos meus dias.
Quem sabe hoje, quando voltar para casa, não corra para o quintal e volte a tomar banho de chuva?
Abaixo. link do texto que despertou essa refexão.
Grata Bernar
*http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2180310