A volta de uma paixão
Prólogo:
Quem inventou o desenlace por certo não sabia a dor que causaria e nunca sofreu por amor! Talvez seja um desses deslumbrados invisíveis que passam despercebidos dos apaixonados e/ou esteja demasiado desatento aos horrores que uma separação leviana causa.
Foi alguém que não plantou e, provavelmente, nem sequer semeou. Também não gosta de animais, plantas, flores ou pássaros e por isso mesmo nunca permitiu germinar uma vida com vínculo afetivo nem sentimento edificante.
Esse pavoroso energúmeno que parte sem se preocupar com a dor que causa em um seu semelhante, fugindo de forma irresponsável, é, antes de tudo, um egoísta inominado comprometido apenas com a fraqueza dos seus atos inconsequentes.
Trata-se de alguém que vive solitário, no vazio, sem luz de si próprio. Ah! Se esse sofrido ser das trevas soubesse o que é amar... Não teria inventado o fim de um relacionamento amoroso. Não teria coragem de dizer friamente e cabisbaixo: “Entre mim e você está tudo acabado... ”.
Em uma relação interpessoal o silêncio pode dizer ou gritar muita coisa. Uma ou outra ação poderá fazer a grande diferença entre o querer ou não desejar ser feliz.
Nem sempre, mas às vezes fico assim meio bobo e acrianço o espírito febril pela imensurável paixão. Hoje amanheci moleque, saudoso. Não me pergunte menina-mulher dengosa: “Por quê?” - Responderia ufanado: "Porque é bom, sublime e glorioso gostar de você.".
Nossas ações são dominadas e caracterizadas, acima de nossas vontades, pelas leis da natureza. Que culpa temos se biologicamente a química nos favorece fazendo-nos reféns um do outro e eu, mais ainda, de você e seu medonho abandono?
Quando você me indicou ver o filme "Diário de uma paixão" perante minha pessoa confirmou o quanto é sensível, emotiva, amorosa, apaixonada e semideusa na acepção da palavra.
Atenção! Não lhe estou endeusando, mas sim sendo sincero e mostrando que também sou sensível a ponto de perceber sua excelsa capacidade de/ou tendência a sentir, se emocionar, se comover. O filme em comento é excelente e combina muito bem com a adorável pessoa que você é. Gostei! Minha saudade aumentou.
Quero aproveitar a ocasião para lhe dizer que sinto sua falta. Em minha casa eu ficava nu e você, seminua, vestindo apenas uma camisa minha no café da manhã parecia não se dar conta de nossa nudez.
Ainda não lhe consegui converter ao total naturalismo. As câmeras de segurança inibem-na dando-lhe a graça da sensatez em nome do conservadorismo que oblitera as iniciativas mais gratificantes.
Lembro-me de sua alegria contagiante, de seus olhos negros, sinceros e marejados de lágrimas num misto de felicidade e/ou sofrimento pelos problemas existenciais que teimavam em fugir de seu controle.
Não há um dia sequer que eu não olhe para o cartão amarelo-laranja com uma colagem verde brilhante e a citação de Romanos 15:13. Todavia, Infelizmente, não posso mais acariciar a planta no diminuto vaso que me presenteou. Ela morreu de saudade depois que você me deixou.
Quando eu a alisava, ela, a plantazinha frágil, se agigantava na melhor representação de sua personalidade e caráter edificante. Essa terapia energizante de lembranças que ficaram não feneceram junto à saudade que com sua tempestuosa partida ficou.
Hoje quero lhe bajular! Gostaria de lhe preparar e servir um café ou chá com tapioca recheada de queijo e/ou bolo de chocolate. Nessa ocasião recitaria para você um poema sugestivo ou simplesmente ficaria em silêncio olhando seu rosto moreno, gracioso e bonito, enfeitado por cabelos negros, soltos e viçosos.
Pediria para você fechar os olhos e lhe daria um beijo estalado, ansiado, molhado na bochecha morena, macia a ponto de lhe provocar o riso infantil que lhe embeleza mais ainda o rosto angélico sem maquiagem.
É assim que lhe quero porque adoro esses lábios em sua naturalidade e espontânea ousadia! São lábios que se abrem como uma flor-de-lis para receber mais seu do que meu cajado em toda a sua pujança e plenitude de iluminada alegria.
Talvez nesse exato momento você esteja rindo ao ler minhas palavras, minhas sandices provocadas pelo abandono. Consigo imaginar isso. Claro que meu propósito também é esse. Provocar o seu riso! Isso lhe fará feliz. Ajudará a esquecer momentaneamente os dissabores que ora vivencia. Solicito, encarecidamente, que não dê tempo ao tempo em demasia.
Não permita que seus sonhos e fantasias se diluam nas turvações sulfurosas das tormentas que não queremos. Desperte para a vida e para suas (nossas) conquistas. Sejamos independentes, discretos, traquinas e responsáveis. Não se esqueça que as portas da casa dos sonhos coloridos estarão sempre abertas para a passagem de seu esplendor feminil.
Na bagagem quero que conduza apenas o seu sorriso, seu cheiro, seu abraço caricioso. Os seus cabelos até podem vir molhados e assanhados. Eu os enxugarei com meus beijos lascivos, ardentes, apaixonados e abstidos. Penteá-los-ei com meus dedos ansiosos para gratificá-la como deseja e merece pelas qualidades excelsas que possui: inteligência, afeição, beatitude com muito garbo.
Quando puder e quiser mantenha-me informado da possibilidade de ficarmos a sós, pois é bom que saiba de uma verdade: estou interessado em tudo o que faz ou deixa de fazer. Sou participativo e quero estar presente nos seus sonhos e no que mais me permitir.
Não quero ser um indivíduo importuno que segue outro por toda parte, um grudento irresponsável, mas desejo sorrir e chorar junto, dividir o peso da provação terrena e somar os esforços para atravessarmos o Portal da Glória na melhor representação da conquista dos seus (nossos) ideais justos e merecidos.