Carta vinda de 2070

Olá, estou usando a recente tecnologia de voltar onde quero e escrevo para vós aí no ano 2010. Como sinto saudade desse tempo, sou agora um ancião com 70 anos, uma das pessoas mais velhas da terra me honram constantemente por esse feito, mas minha aparência aparenta bem mais minha pele não tem mais a sua elastecidade por falta de vitaminas essenciais á sua manutenção, como sinto saudade do banho diário em meu chuveiro quando acabava meu dia de traquinices quando garoto. Agora tudo é diferente nossa higiene não usa mais água, apenas uns toalhetes de óleo mineral. O tempo está bom, ontem cairam uns restos de um satélite e o vento agreste do deserto da nossa provincia apenas queima os lábios e as palpebras, os meninos, poucos que há, pois as senhoras estão ficando estéreis pela sua conduta de vida, não tem cabelo nem pestanas, mais parecem marcianos. Suas brincadeiras são as habituais, assaltarem os armazens de alimentos á pouco tempo assaltavam as estufas de legumes que produzem com humidificação proveniente da urina canalizada que é aproveitada para condensação por humidificação de ambiente, pois as tais estão fortemente guardadas pois seus frutos são apenas consumidos por grupo restrito de pessoas, nós os restantes vagueantes pelas ruas desertas sem jardins ou arvores, tudo está coberto de restos de plástico pois como sabem esse lixo resiste á decomposição por quinhentos anos ou mais, apenas consumimos alimentos pró-tratados coisa do futuro para vós. Meu neto ri quando lhe digo que lembro de meu pai lavar seu carro com uma mangueira de água corrente, coisa impensável nesta era, como eu bebia, obrigado por minha mãe, dois copos de água por dia quando a média era de seis a oito copos por dia. Hoje apenas bebi meio copo, pois ontem não tive acesso á fonte de desçanalisação que converte a água do mar em liquido beberivél. Já não há petróleo á muito tempo, toda a energia é produzida recorrendo á tecnologia nuclear, mas como não há água para o arrefecimento dos átomos de vez em quando surge um acidente, coisa frequente por aqui, e lá morrem mais uns milhares. A chuva, rara, quando cai é pouca e ácida queima tudo onde cai, até a pele. As pessoas estão morrendo cedo. a esperança de vida é quarenta anos e menos por vezes, sinto-me um dinossauro da era. As crianças nascem doentes, em cada dez nascimentos só duas sobrevivem e os casais só podem tentar uma vez logo de seguida são esterelisados para não se correr o risco de sobrepopular a cidade. Óh como lembro dos concelhos dos técnicos do ambiente de estarmos a poluir a terra e que água era um bem em extinção, pura utopia se dizia, agora nem choramos esse erro pois nossa fisiologia vem se alterado as pessoas não choram mais, nossos corpos retêm todo o líquido que conseguem. Se eu estivesse aí junto de vocês eu era rico pois vivia junto de um pequeno riacho, é que aqui os poucos rios são canalizados para enormes industrias que precisam desse precioso liquido, são guardados pelas forças armadas e quem conseguir passar as barreiras elétricas é abatido sem piedade. O futuro... utopia sim o futuro é hoje, amanhã podemos acordar com mais uma chaga no rosto ou sem um dedo pois a lepra é uma realidade da nossa sociedade. Enfim tinha muito mais para lhes dizer, mas será que valeria a pena? tanto nos foi dito e o resultado está aqui. Pois assim desejo se alguém ler esta missiva, lembre que o futuro depende de nós, ou melhor, de vós, se puderem alterem-no.