É Madrugada...
É madrugada.
E o choro parece querer chegar.
Sinto sua falta; a falta de um alguém que eu nunca tive junto a mim. Perco-me em mágoas passadas e distantes, mas que sempre regressam para me tirar o sono.
É frio.
Eu não tenho ninguém ao meu lado para me aquecer.
Queria você aqui, mas é apenas um desejo que não pode ser realizado.
Lágrimas deslizam pela minha face; o choro já chegou; calado, percebo que minh’alma se desmancha em prantos.
Não posso lutar;
Rendo-me.
Entrego-me à dor do coração, que contrito pede socorro, mas não há ninguém para ouvir meus gritos.
Estou só.
A insônia me domina e me oprime. Ataca-me com teus reflexos. Sua imagem rouba o que resta das minhas forças.
A queimação em meu peito aumenta.
Soluços surgem tornando meu choro audível.
Sinto que estou caindo.
Não há ninguém para me socorrer, para me estender a mão.
A adrenalina consome meu corpo tornando a sensação da queda doce e suave.
Ouço sua voz como uma doce melodia distante. Criada só para mim. Sua voz se assemelha a um canto angelical.
Continuo caindo.
O chão parece estar cada vez mais próximo, entretanto cada vez que me aproximo dele, parece que não chegarei, parece infinito.
Já não consigo escutar meus próprios gritos de socorro. A queimação torna-se deliciosa, este frenesi me consome.
Desesperado, eu acordo!
Em meu quarto, tudo está em seu devido lugar.
O vento corta lá fora.
Os sons da madrugada são os mesmos; foi apenas uma noite, aliás, outra noite em que você voltou em meus sonhos.