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Carta ao coração

 


          Meu caro amigo,                      
          Sento-me aqui à escrivaninha a escrever-te esta carta... Espero com ansiedade que as palavras que vo-lo redigir alcance a meta proposta, e que sejam assimiladas na maior parte delas...
          É que tenho notado o quanto sofre por amar esta mulher... – esta que teus amigos disseram que não te merece – Mas ainda persiste com teimosia a querer tomá-la em teus braços como a parte feminina que te completa. Já se foram três anos nessa labuta... E três anos não são três dias, meu caro! É parte de tua juventude legada a uma mulher de sonhos desnivelados aos teus...
          Passastes por momentos dificílimos! – bem sei... Chorastes tantas noites na ansiedade de abraçar o corpo dela enquanto noutros braços sorrias em sarcasmos a teu amor solitário...
           Lembro-me daquela cena grosseira, foste quase levado ao tribuno por “delito de amar” – e nem sei mesmo se seria delito confessar a uma mulher o amor que sente por ela... Sim, ela gostava do que escrevia... Dos teus poemas de amor eloqüentes! É triste dizer-te isso, mas, era apenas satisfação do ego dela!...
           Mas tudo bem, o bonde retornou aos trilhos!... E quando pensavas não mais revê-la eis que as circunstâncias te retorna a responsável dos teus ais de amor!... Tu pensavas seriamente que a chama da paixão se apagara... Mas te enganaste, meu rapaz! Sentiu ciúmes a aproximação de outro macho... E descobristes que ela é ainda a fêmea que te atrai!...
          Meu caro, meu caro..., é duro dizer-te isso, mas é preciso: tu vives num plano de vida totalmente diferente do que ela..., é certo que por vezes nivelam-se, mas logo aquela contemplação dos olhos dela perde o brilho e retorna a mesquinhez das coisas supérfluas... Sei o quanto queria aquela menina ao teu lado a dividir os sonhos mais doces, simples... E que querias perder-te nos cabelos dela num beijo de paixão... Ah, meu caro, tuas noites são amargar enquanto as delas de vinho e risos!...
          Tu queres compreender, meu bem, as coisas que ela dizem na tua presença e que te magoa profundamente... Queres compreender se ela faz sim ou não intencional... Não sei... Sinceramente não sei amigo, o que passa na cabeça daquela mulher quando lhe atira pedras enquanto tem nas mãos flores a ofertá-la... Talvez aja por orgulho, por testar se ainda a ama com o mesmo amor.    
          Ah..., coração amigo! É preciso dar ouvidos aos mais experientes... Sei o quanto é sacrificante aceitar a razão, mas se não o fizer, no final tornar-te-á um velho amargo, resmungão... Não fique desenhando de mais a mulher que desejas tanto; não esqueça não do que o Mário lhe disse: “Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.” Abandone tua teimosice em querer possuir aquela que se põe como Ninfa no alto do Olimpio!... Jamais descerá a teu encontro sem que abra mão do falso reinado que lhe proporciona o egoísmo e o orgulho...
          Tome rumo enquanto há mocidade na tua vida!... Reative teus ideais!... Permita-te apaixonar novamente!... E diga olhando bem fundo nos olhos de tua próxima paixão, como dizia Vinícius de Morais: “Tu és a composição de todas as mulheres que amei”
          Termino por aqui, meu caro coração, desejando-te vencer esta paixão que lhe consome as forças, neutraliza teus projetos, paralisa tua caminhada em busca de ser feliz... E na certeza da vitória digo-te com sinceridade, coração: tudo vai ficar bem!                  







Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o Poeta em 29/03/2010
Reeditado em 29/03/2010
Código do texto: T2166279
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