Das Dúvidas

Minha vontade vai além das sensações físicas e terrenas. É algo que vem desde sempre e que talvez reflita o que de mais verdadeiro haja em mim, ou melhor, minha única verdade aceitável.

Eu, que me compreendo como um ser cuja essência feminina se caracteriza como mulher e acima de tudo um ser que ama e abrange vagamente uma fração do pensamento humano, já que também sou parte dessa raça tão frágil.

Sendo assim, minha ínfima condição de humana me proporciona a possibilidade de sentir medo, a necessidade de acertar e de estender ao máximo de tempo possível aquilo que me ofereça algum tipo de prazer. Afirmo, muito além do físico.

Entendi que, se hei de correr alguns riscos, será até quando e em nome do que? Podemos levar um outro ser igualmente humano e portador das mesmas fragilidades a nos conduzir por esse risco, ainda que no primeiro momento nos pareça terno?

Em quantas partes podemos nos dividir para nos apropriarmos das sensações mais fantásticas desses nossos outros? Personagens que criamos apenas com o intuito de esconder nossa verdadeira face, fases de nossa vidas. Até que ponto isso é verdadeiro e qual sua importância durante o percurso que nos dura essa vida?

Que tipo de poder pode me convencer de que parece mais racional dizer sim, quando devo dizer não ou vice-versa? E que fatores nos fortalecem nessa escolha?

Que néctar é esse que embriaga as mentes nos fazendo querer ser melhores, retomar sonhos e plantar flores vermelhas sob nossas janelas? Ou, igualmente olhar para a ponte ou para os jardins onde crianças brincam e pássaros voam?

A grande verdade é que dia após dia nunca mais seremos os mesmos. Nossa condição de aprendizado leva sempre a um impulso, um jogo talvez perigoso onde se pode alcançar um grau elevado de satisfação ou simplesmente voltar ao recomeço.

Muito que tenho buscado compreender, esse mundo e a tristeza que me envolve a respeito de outros seres que me observam, mas não se manifestam em intenções nenhumas. Como pode um misto de coisas reais e irreais, palpáveis e imaginários acerca do que se tem de concreto, levar a uma persuasão até mesmo insana ou insensata? Seres que transitam espalhando doçura e afeto, serão verdadeiros ou estarão apenas buscando algo que não esteja alheio a sua própria satisfação? Alguém que nos rouba a paz e ao mesmo tempo ateia fogo ás nossa almas e nos sangra o coração sob a pele.

Grandes feitos, longas esperas, qual o real sentido e o que norteia a relação entre as pessoas que se convivem e trocam informações e energias. Esse é o mistério que delimita nossos rumos. Que energia é essa que tanto me inebria e conduz meus pensamentos até onde eu não desejo ir? Ou desejo, mas não ouso admitir.

Mas, isso é outra história, uma que não compartilho. Uma, onde um ser me tornava as respostas possíveis e agora elas soam tão distantes, tão vagas, que nem as ouço. Não as alcanço e, no entanto, ainda almejo com todas as forças de minha resistência.

AndreaCristina Lopes
Enviado por AndreaCristina Lopes em 27/03/2010
Reeditado em 27/08/2011
Código do texto: T2163006
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