FILOSOFIA PAI D’ÉGUA

Carta ao meu amigo Térso, que mudou de credo e agora só faz filosofá, e que tenta todo dia me convencê de que o guru indiano dele tem razão.

FILOSOFIA PAI D’ÉGUA

J.B.Xavier

Minha ingnorânça, constante e devidamente adubada por minha estupideis, impoçibilita-me comprendê o que prá ti é tão fácir: O universo inteiro, sem nenhum mistério e sem nenhum ponto de interrogação. Queria saber a marca desses óculos escuros que te possibilita olhá para a o sol - ou como minha burrice costúma chamá: a Luz Maior - sem ficá cego.

Queria também podê entendê como é que o rabo pode mexê o cachorro, porquê o que mais vejo são "sábios" tentando interferir nos ritmo do universo (rima com Térso!) investindo-se de artoridade vinda de fontes cujo único crédito é a danada da tradição.

Meu pai já me prevenia que eu não me preocupasse se perdêçe um ôlho, porque, disia ele, bastava eu me mudá para um lugá onde só houvesse cegos. Bingo!! Perdi o medo de ficá zarolho!

Essa mania que uns hôme tem de querê alterá a ordem e o flucso do universo, mesmo xeios de boa intensões, causa ainda mais tranztorno nesse flucso, porque tumultúa o andamento do todo, que tem seu próprio planejamento, sua própria manêra e método, onde o ser humano é apenas mais um dos elementos na poeira cózmica de que é compôsto.

Essa poeira cózmica da qual fasemos parte, gira, anovela-se, debate-se, revolve-se, anikila-se e renaçe sem dar a menor bola para o que venhamo fazê tentando alterar esses ciclos eternos de criação e destruição, porque ela própria é prizioneira de um esquema ainda maió, que por sua vez cunpre sua trajetória inecsorável em direção a mistérios insondáveis pelo pobre, limitado e ridículo intelecto humano.

Gerarmente esses "sábios" são unicurturais, ou seja, possuem uma só curtura. Quase sempre são também univisuais, quero dizê, olham para um só foco, exluindo-se assim da multiplicidade incomensuráver de que a natureza é feita. Eles quase sempre vêm de recantos ezóticos do mundo, porque o ezotismo é charmozo e impressiona, além de estar acima das análizes e diretrizes passíveis de críticas. Mas se jurgam sábios, mesmo assim. Avaliam curturas com as quais não tem a menor intimidade, curturas que os milênios depuraram, cujos métodos de existência as trousse até nossos dias, adecuando-as às circunstâncias, e lhes dis que estão erradas e que precisam mudar, quando o simples fato de terem sobrevivido é evidência mais que óbvia de que já mudaram antes que alguém lhes diçesse para fazê-lo. Avaliam o ciclo etérno de mudanças, a partir de fatias de tempo tão finas quanto suas próprias existências, ou seja um nada diante da eternidade, e acreditam que essa amostragem ridícula apóia suas idéias megalocéfalas (ops!) Enfim, olham o mosaíco humano com lentes distorsidas, ou pelo menos com lentes inadecuadas, e crêem estar enchergando o todo.

Falam suas verdades, que quaze sempre defendem como sendo abssolutas - o que já elimina de cara o terreno para discuções. Não se dizcute o abssoluto! Gerarmente quem os segue não discute, esprica, como se o resto do mundo tivesse sobrevivido miraculosamente antes deças espricasões.

Mesmo minha burrice percebe que em parte eles têm rasão no que dizem. Isto porque nunca haverá ninguém completamente errado, porque somos todos frutos de uma realidade cuja natureza é a verdade, uma vez que somos um fato, e não uma hipótese. Por otro lado, também nunca haverá ninguém completamente certo, porque todos olhamos para noças próprias realidades particulares, onde verdades e inverdades ñão são coisas abçolutas, mas relativas, e sempre serão particulares, não importa o quanto pensemos serem elas universais.

Amigo Térso. vou parando essa miçiva poraqui, porquê senão eu também fico tentado a expricá o funcionamento do univérso. Não que iço não seja gostozo do ponto de vista de exercício inteleqtual, mas é que alguém poderia acreditá em mim, e aí eu teria que continuá espricando. Se eu continuaçe espricando, mais gente iria acreditá e mais expricações eu teria que dá e mais gente ainda iria acreditá. E outro sábio surgiria! Eu hein? Deus me livre! Ops! nem sei se Deus existe! Credo em Cruz! Claro que existe! Pelo menos o meu existe! mas ele é só meu...pelo menos como eu o imagino...E se um sábio me dissé que Ele não é do geito que eu penso que é? Bem, do geito que eu duvido das coisas, é bem provável que eu passe a acreditá no sábio...mas só até que outro sábio me venha com uma versão ainda mais bonita. Daí eu passo a acreditá nos dois, ou nos três, ou nos quatro, ou em tantos sábios quantos houver para acreditar. Eu sei que todos eles estarão errados, mas também sei que todos eles terão razão.

E cuidado ao respoder esta cartinha. Eu posso já ter mudado de idéia.

Abrassos.

Do amigo inorante

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 24/03/2010
Reeditado em 24/03/2010
Código do texto: T2156534
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