O tempo e o vento
O TEMPO E O VENTO
(JOVEM SHAKESPEARE)
São tempos que não voltam mais...
Que o vento deixou para trás...
Há muitas imagens perdidas nas lembranças...
Existem tristes recordações da minha infância...
Sentava-me no campo de girassóis e das flores,
Admirava a paisagem colorida no horizonte de um céu azul...
Aquelas pessoas trabalhando na lavoura verdejante...
Os feixes de trigo misturavam-se com toda aquela gente...
O sol iluminava o verde e o amarelo das montanhas e do canavial...
O brilho da manhã era repleto de luz e de frescor...
O ar puro enchia os meus pulmões de saúde e de ânimo...
O clima temperado era agradável para se viver...
Eis que todos riam de verdadeira alegria...
Seus risos eram cheios de felicidade genuína...
Havia festas e as moças vestiam-se com roupas maravilhosas,
E as reuniões traziam pessoas de trajes lindíssimos...
Existiam flores por todos os cantos e por todos os lugares...
Folhagens enfeitavam todo o ambiente colorido...
Os rios eram límpidos e corriam para o mar...
As águas azuis e cristalinas ao longe eram belas e calmas...
Eu caminhava descalço nas bonitas praias... e sossegava-me...
Andava à noite pelas areias observando as estrelas...e sentia-me tranqüilo...
Entrava dentro de uma mata verdejante...
Era como um parque cheio de mistérios...
Ao ver as florestas, percebia um segredo distante...
Havia cachoeiras esplêndidas para os meus olhos contemplarem...
Quantas imagens lindas eu via quando eu era criança...
De repente, eu cresci e nem me apercebi...
Tornei-me um homem formado e nem sabia quando isto aconteceu...
Mas passou um vendaval e levou tudo embora...
Deve ter sido um furacão que varreu aquele tempo...
Aquelas pessoas e seus belos sorrisos...
Aquelas árvores e as grandes plantações...
O vento as trouxe... e o vento as levou para longe...
O tempo chegou como uma correnteza implacável...
Ele as desvaneceu como uma chama que se apagou...
Mas eis que sobraram memórias em minha mente...
Restaram as recordações da bela época em que vivi...
Assim, num instante em meu viver... num momento nostálgico e de loucura...
Resolvi tornar-me um pintor de telas... e abandonei tudo...
A vida de artista me atraiu como um ímã... e larguei os outros interesses...
Diziam que eu não tinha talento para as artes,
E que eu nunca teria o dom para ser algum artista...
E que eu deveria estar louco...
Era só mais um rapaz maluco...
Podem me chamar de pintor desconhecido e sem fama...
Não me importo com o que os outros dizem...
Acredito nos meus sonhos... Creio em meus delírios...
Pinto a minha vida maravilhosa dos dias de menino... dias que não voltarão mais...
São tempos que não voltam jamais...
Foi uma época que o vento deixou para trás...
(Poesia antiguinha, que estou recolocando)