Carta a alguém que não me conhece

Você não me conhece, também pudera! Muitas vezes não conhecemos a nós mesmos. Somos raios de sol vagando pela escuridão da noite, ou trevas vagando pela claridade do dia. Quem é você? Quantas vezes acertou? Quantas vezes errou? Quantas vezes se sentiu pequeno ou grande demais ?

Você que aponta o dedo contra meus erros, me julga por eu não fazer parte deste seu mundinho comum onde a mediocridade impera, diz me conhecer. Diz conhecer meu sorriso, meus gestos. Mas quem é você? Não é pretensão demais? Pois lhe digo faço parte de um mundo onde poucos podem adentrar. Deixo as portas entre abertas, mas abertas nunca.

Costumo ser ousada, porém aprendi a não me doar inteira nem para mim mesma. Então como você vem dizer que sou transparente, que conhece meus desejos? Sou tão nublada, indefinida, muitas vezes inconstante. Não sou lúcida, pois é minha loucura que me torna viva. Alguns dias me perco dentro de minhas indefinições. Preciso ficar em silêncio, observar o meu interior, o exterior por vezes me apavora, me amedronta, me decepciona. Fico quietinha tentando encontrar meu verdadeiro eu. Então porque você não faz o mesmo, ao invés de me definir, de me julgar , por que não olha para si mesmo, observa sua alma ? Olhar para si mesmo, descobrir-se exige força e você que nem me conhece, talvez não seja forte o suficiente ou seja simplesmente fraco demais.

( para alguém que diz me conhecer)

Tessália Lemos
Enviado por Tessália Lemos em 23/03/2010
Código do texto: T2154667
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