Meu doce Antonio:



Lí e relí tua carta de amor às antigas. Tento responde-la, mas minha aparente facilidade para a escrita esbarra diante do ídolo, desaparece perante o objeto amado, emudece...o ato de escrever intuitivo, compulsivo, morre. Os poemas escritos por voce se agigantam, sinto-me pequena, mas aceito-os de bom grado. Também te amo meu poeta.
O olhar o mar adquire outro sentido, do outro lado, voce está, e, quero vencer as ondas á nado, mas, eu nem nado. Tento entender em vão, o que aconteceu, como essa mudança tão radical em minha vida, dentro e fora de mim. A tristeza que me consumia foi substituida pela esperança...esperança de um dia não mais olhar esse mar sozinha, não mais dormir e acordar sozinha. Esse sonho me move, me comove, me faz caminhar...e escrever.
O choro do fado me trás voce.
Me leva a terras luzitanas,
Me embala a dor da saudade.
Olho o mar que te banha e me banha,
Olho o céu que te cobre e me cobre.
Me olho, entreolho, e, te vejo.
Te encontro em mim,
Te amo em mim.
Somos!
Amanhã parto para Buenos Ayres. Lá, dançarei o tango que me destes na praça de San Telmo. E, juro, estaremos juntos. Eu, voce, nossos poemas, nossas vidas enfim, juntos.
Te amo Antonio.

Beijos, Marly