Amigo, boa tarde!

 

Aqui em São Paulo são 14h25min da tarde, de 14 de Março 2010, o dia nacional da poesia!

 

Caro cara (C.c. a quem estiver interessado - em quem escreve, como escreve, porque escreve, e tudo o mais que se escreva), ontem estive longe do PC e acabei escrevendo sem reler este seu email.

 

Amigo, fique aqui registrada a alegria que este teu contato em privado me proporcionou!

 

Um artista não tem intimidade, para ele tudo é intimidade! No intimo o meu intimo é nu, só desse modo percebo os "POEMAS NUS", todos os poemas do Assim. Serei eu Assim só por ser seu heterônimo? Todos somos Cristo, filhos de Deus, ou a teologia é uma burrice incomensurável!?

 

Não só pelo que me oferece, mas sim pela gentileza de teus comentários.

 

Fazes-me sentir importante o que escrevi, possivelmente escrevi ou mostrei escrevendo ter achado importante o que escreveste. Todos somos espelhos uns dos outros, quantas vezes não descobrimos uma expressão no nosso rosto só por descobrir a expressão de quem olha para nós.

 

Em meu caso, estou empenhando esforços, para pouco a pouco, tornar-me um bom escritor!

 

Nada de mais interessante pode dar um escritor à sua arte, entregar-se a ela procurando-a! Meus maiores parabéns, por tanto.

 

Em principio caminhei incansável pela poesia, versos livres, para posteriormente aventurar-me pelos contos, e em meu site existem alguns, crônicas, resenhas, cartas, enfim, estou à procura de meu espaço.

 

Seu espaço é o Universo e um verso, sempre mais alguma coisa...

 

Tirando este exercício criativo, busco aguçar o pensamento,aplicá-

lo à escrita em suas diversas formas.

 

Aqui tens uma forma maravilhosa, o teatro: o tear das falas.

Tecer comentários ao Ereto Falo, livro que tenho em mãos, graça a gentileza de nossa amiga em comum, que mo presenteou, foi um exercitar, foi um penetrar em teu trabalho, e em minhas entranhas...

 

Um livro de Poesia pode e deve ser um "Livro de Horas", descobrir o que de oração há num poema é descobrir "o espírito do poema".

 

Agradeço assim, ao Amigo, por ter-me proporcionado esta experiência.

 

Há coisas que se agradecem, mas não se podem nem se devem agradecer, felizmente é um "dever" onde nada se deve e tudo se recebe: obrigado eu.

 

Reafirmo, no entanto a minha impressão, já manifesta, de que o teu livro, com os textos que apresenta, está um pouco além da realidade corrente neste momento no Brasil. Talvez Assim Mesmo seja uma síntese de toda a bagagem literária portuguesa, talvez Assim Mesmo seja um reflexo da realidade cultural de um Portugal moderno.

 

O Assim é o meu mestre, o que ele escreve é o que sente. Acho que o imagino um Alberto Caeiro com tesão e vida na sua maneira de se exprimir, embora dar este enfoque seja algo de redutor deste heterônimo mestre de Pessoa, talvez o sento para o Assim Mesmo até pelos mesmos motivos.

 

Teria muito gosto e curiosidade em aprofundar contigo o exame desta questão, posto que problemas desta monta, sejam de meu interesse imediato!

O trabalho que o amigo empreende com as palavras, é no mínimo animador, me entusiasmando muito, incentivando até!

 

Cá estamos tomando um café...

 

Uma diferença gritante entre os escritos de Assim Mesmo, e os meus, é que o trabalho do primeiro é mais artesanal que o meu, que em uma análise superficial, reside num jogo de imagens, sobre tons de sentidos, sensibilidades, com um alcance mais imediato para o entendimento do leitor.

 

O Assim, se escolhesse este momento para estar a ver o que dás ler, possivelmente encontraria as palavras certas para fazer da escrita um poema. Eu contento-me com esta nossa prosa.

 

O teu trabalho com a palavra é mais profundo.

Não sei se neste ponto estabeleces-te uma diferença tripartida: tu, Assim, eu? Cabendo-me a mim o trabalho "mais profundo"? O mais profundo da linguagem é o que nos dá, nos trás a poesia. A simplicidade do Assim, só equiparada à sua complexidade. Imagino seja com um pensamento como o que por certo não consigo transmitir que um Yoga se senta à frente duma flor para aspirar a compreendê-la?

 

Enquanto em meus escritos procuro dar um gran finale diferenciado do que normalmente seria esperado, em teus escritos toda a palavra, é essencialmente polivalente, multifacetada, verso e reverso de si mesma, beirando um jogo de enigmas, posto ao leitor para que os decifre.

 

Acho que esta é uma herança partilhada, eu ou Assim só nos entendemos procurando ler em nós Mesmo o que outro leria. Ou seja, eu herdaria o Mesmo, não gostasse demais de ser Coimbra.

 

Assim, Assim Mesmo, consegue dar um novo tom ao que escreve, pois a palavra, o vocábulo, o fonema, toma uma significação e um significado diferente em cada leitura que se faça.

 

Como vês, podes observar, quando te tornas o que estás a escrever ès como aquilo que descreves! Beleza...

 

Brinca com o contexto e com a contextualidade, toca profundamente as memórias mais inconscientes do leitor, se afastando a meu ver de sua memória mais superficial.

 

Exactamente, em acta: a mente é exacta, ou a sua razão?

 

Outra vez, neste ponto retomo o questionamento sobre a pertinência de tua obra neste momento literário brasileiro!

Se por um lado, a leitura de poesia já não é um hábito, a leitura de Assim Mesmo, me parece um tanto difícil de ser feita.

E neste momento que cheguei a meu parecer, se engrandece a minha alegria em receber do amigo os comentários e a oferta que recebi!

 

Haja Fé! :)

 

Quanto à ALL PRINT, penso eu que, em se tratando de um trabalho pronto, não haja espaço para a minha presença, neste momento.

No entanto, muito me apraz o oferecimento.

Se o amigo não se ofender farei aqui uma proposta; qual seja:

Em seus futuros comentários, a respeito de Ereto Falo se puder inserir o que lhe escrevi e como expus já me seria uma honra e uma alegria.

 

Meu caro, esta correspondência pode corresponder ao que pretendas?

 

Em outros momentos, a sua visita em minhas páginas, por diversos motivos, será uma honra e um prazer, e se vier com comentários críticos, sem a necessidade de um tom amigável e polido, mas revestido do seu mais puro e inquisidor pensamento, creio que em muito me auxiliará nesta lide de escriba, em que estou saindo das primeiras letras.

 

Meu caro "entrar nas primeiras letras" é o mistério deste mister, embora este seja um comentário meio, ou inteiramente, metafísico.

 

Por outro lado, pedindo a sua licença para declarar as minhas mais intimas intenções, caso o meu trabalho, em conjunto, esteja de seu agrado, muito me alegraria em tê-lo divulgado pelo amigo, entre os teus contatos.

 

Cara & Amigo, somos nós?

 

Saiba que Portugal é um sonho, onde desejo através do mérito de meu trabalho, estar inserido!

 

Este é o ponto onde citar Pessoa sai sempre bem «a minha pátria é a língua portuguesa», é a ponte sobre a margem de todos os mares.

 

Por outro lado, se houver outro livro, outro texto, outro trabalho, que o amigo gostaria de dar-me a ler, com a possibilidade de escrever uma resenha, um parecer, sinta-se à vontade para me enviar. Isto é, se o amigo não achar esta minha proposta imodesta demais.

 

Só há imodéstia nos modestos, os poetas nunca sofrem com essa virtude.

 

Quanto aos meus trabalhos escritos, indico o site www.sacpaixao.net para leitura, onde o amigo terá total liberdade para participar, com comentários, criticas e sugestões.

 

Quem quiser descobrir quem sejas só tem que te ler!

 

Quanto ao meu livro impresso, o Caminhando com as Borboletas, este o mais rápido possível lhe enviarei esperando por sua leitura critica.

Espero seja um voo...

 

No mais, receba, por favor, meu abraço mais fraterno e amigo, abraço que representa o desejo de que não percamos o contato, e que este em se realizando, seja a troca de experiências, sensibilidades...

Irmãos que apenas o atlântico separa!

 

O Atlântico nos una!

 

Abraços fraternos

 

Abraço fraternal

 

O Cara

 

Amigo

 

Ponta Delgada às 16-03-2010 01:38:37, iniciado um dia outro dia acabando, somos sempre outro?... Mudando com os dias, hora de ir dormir!

 

Desculpa, vai sem reler...