Até breve?!

Chegou o momento que sempre tentei evitar.

Certamente escreverei algumas linhas, lacrarei em um envelope,

junto com umas poucas lembranças materiais, e pronto!, estará

selado o adeus.

É quase certo que eu venha chorar, não pela ação, mas por ter

que pô-la em prática.

Pessoas como eu passam toda a vida tomando decisões em

função do que é melhor para os outros.

Raramente agimos em benefício próprio, estamos sempre vendo

os outros em primeiro plano.

Levarei um bom tempo para acostumar-me com sua ausência.

Mas, enfim, o que posso fazer?

Dar-te a tranqüilidade de uma vida feliz ao lado dos seus!

Sei que haverá dias em que, quando o sol se pôr, no seu

momento de maior fé, luzes brilharão sobre sua cabeça e, por

um breve instante, você pensará em mim.

Se perguntará se houve justiça em sua desconfiança.

Se havia razão para duvidar das minhas reais intenções.

Quando me afastar de você, não será só o seu lindo sorriso que

deixarei para traz, não será só a sua voz meiga e doce que

não ouvirei mais; junto com tudo isto, também, ficará a minha oportunidade do exercício da solidariedade.

O meu aprendizado estará comprometido, pois você era o meu

depósito de esperanças; contava isto como certo.

Como animar-me com uma nova perspectiva de amor fraterno,

se todos os meus projetos, de uma forma ou de outra, estavam

ligados a você?

Não sairei por aí a procurar alguém que desperte em mim o que

você despertou, mas ficarei atento.

Quem sabe, talvez exista outra Ana caminhando por este planeta?

Planeta que nem é tão grande quanto parece!

Terei a sorte de vê-la cruzar o meu caminho?

E se você for a única e mudar de idéia?

Tudo é possível?!

2010.

Paulinho de Cristo
Enviado por Paulinho de Cristo em 07/03/2010
Reeditado em 05/02/2011
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