Quisera escrever meus versos. Aqueles que outrora representavam consolo. Porem, pareço  haver perdido o jeito. As mãos que dantes corriam com liberdade espontânea agora se mostram presas por uma amargura desconhecida que me oprime o peito e me leva ao mais profundo caos desta mente sempre inquieta e melancólica.
 
O mundo ao redor se esfacela. Pessoas morrem. Catástrofes jamais imaginadas se concretizam mediante nossa impotência e indiferença. Olhando tais imagens pressinto lagrimas quentes e orvalhadas tocarem com leveza o regaco onde adormecem os segredos duma alma que sempre caminhou sobre a navalha do limite entre a sanidade e a loucura! Por breves segundos a tragédia humana se sobrepõe aos ditames do egoísmo que cultivei em sonhos de amor eterno, de felicidade romanesca. Adormecida num pueril comodismo.
 
Contudo, a existência mostra-se oposta aos meus clamores infantis. A vida se traduz na representação dum drama Shakesperiano onde não há espaços sequer para utopias e a esperança morre em meio aos gritos cuja identidade já não reconheço. Apenas mais um grito em meio `a multidão de desesperados e famintos. De desamparados e solitários. De reprodutores do ódio e da violência.
 
Então, quanto vale este grito que apenas reflete a minha dor? Quão importante eh o teu abandono, a tua cegueira? Quanto vale a minha solidão? Mas, ainda assim eu insisto... ainda que a cada dia perca mais e mais o rumo e sequer saiba como fazer o retorno. Creio mesmo não haver retorno nas escolhas que fiz.
 
Imploro socorro e, no entanto, apenas enxergas a fortaleza aparente que sou... passou despercebido aos teus obtusos olhos as fissuras nas paredes, as infiltrações no alicerce... estou ruindo numa velocidade espantosa e sei que te surpreenderas quando observares os escombros do que um dia fui. Os sinais silenciosos ou eloqüentes que emito são por ti ignorados e eu, sou fraca demais para te virar as costas e arriscar novos rumos.
 
Amor não pode ser isso! A submissão absoluta travestida de entrega... os argumentos frágeis a fim de justificar atitudes que de tão claras doem na vista. Não tenho o direito a tal cegueira... eu preciso te perder para não perder a mim!



ps: problemas no teclado motivaram alguns erros ortograficos!