AOS MEUS ADVERSÁRIOS
Há tempos, aliás, desde meus primeiros textos, venho recebendo ameaças e ofensas por parte dos cristãos. Tinha o intuito de, algum dia, escrever uma carta aberta mostrando minha insatisfação com a estreiteza moral e intelectual dos meus adversários. Eu poderia citar alguns desses comentários, mas não precisa. Não é difícil encontrá-los em alguns (quase todos) textos meus. Não apago comentários de quem se posiociona contra mim, pois, como bom discípulo de Voltaire, sou a favor da tolerância e que todos possam defender seu ponto de vista. Todavia, não os respondi ainda porque não tive tempo para perder com coisas tão banais, mas resolvi aproveitar um comentário/resposta que fiz a um antigo adversário, que revela um pouco desse meu desapontamento com meus demais adversários, e acrescentar algumas coisas. Abaixo segue a resposta/comentário feita ao texto de Wilson Amaral intitulado “Igor Roosevelt – Por todos os comentários que fez aos meus textos”.
“Wilson, em primeiro lugar, eu sou um cético e tenho poucas convicções. E pode ter certeza de uma coisa, e inexistência de Deus não é uma delas. É isso que me torna diferente de teístas como você. Eu não tenho certeza de que Deus não existe. Eu descreio na sua existência porque não tenho motivos para crer e ninguém jamais mostrou-me algum que seja plausível. A minha filosofia é tanto uma forma de apoiar ateus inseguros quanto uma forma de provocar (num bom sentido) o pensamento dos teístas. Para que vejam que o ateísmo não surge de uma simples implicância contra o cristianismo, mas que temos motivos racionais e concretos para não crer em nada disso. Não quero declarar guerra à religião, quero apenas que vejam nosso lado e entendam nosso motivos, embora não precisem aceitá-los. Em segundo lugar, não creio que meus textos sejam mais aceitos que os seus. Eles apenas são aceitos de uma maneira diferente. Uma coisa que eu exijo não argumentos, portanto, se você discorda de mim, argumente então. E não é isso que se vê geralmente dos que discordam. Eles nunca têm argumentos bons e talvez por isso os comentários contrários sejam relativamente poucos. A maioria dos meus adversários falam num tom de ameaça e até seu comentário foi um pouco nessa direção. No entanto eu respeito o ponto de vista dos adversários, mesmo quando ele não contribui em nada para o debate. Só apago comentáros muito ofensivos (sim, eu recebo muitos comentários de cristãos me xingando, e você?).
Os que me apoiam muitas vezes me corrigem também, bem mais que os cristãos. Já recebi duras críticas de ateus também, isso mostra que não somos um todo organizado e que não partilhamos das mesmas idéias, exceto sobre a existência de Deus. E estas críticas dos ateus foram mais contundentes que as de qualquer cristão e me fez rever meus conceitos. Estou dando um tempo e mudando de perspectivas, mas continuo tão ateu quanto antes, ou até mais. Isso não mostra, no enanto, o quanto as ameaças dos cristãos são inúteis e deprimentes, mas mostra como argumentos bem embasados podem me fazer mudar de opinião. Eu fico, todavia, aí, como um desafio aos que quiserem mostrar-me sua verdade. Muitos tentaram, mas depois de pouco tempo, desistiram, como você pode ver. E fico realmente grato por receber de você o título de "ícone anti-Deus", mas eu não sou contra Deus. A publicação dos meus trabalhos levam dentro de si o mesmo êxtase de um artista quando conclui suas obras de arte: ele quer mostrá-la ao mundo inteiro. O mesmo ocorre a mim, quero apenas mostar ao mundo o resultado das minhas noites em claro. Não quero, de modo algum, viver num mundo sem religião. As pessoas são fracas e precisam dessa ilusão (na minha opinião), mas meus textos são dirigidos aos fortes, aos espíritos livres. Quem sabe algum dia o mundo esteja preparado para o ateísmo. Enquanto esse dia não chega, eu e outros permaneceremos provocando questionamentos e mostrando o lado negro da Lua. Abraços e paz”.
Não quero reviver essa velha e estéril disputa minha e do Wilson, mas nota-se no texto que ele escreveu direcionado a mim esse mesmo velho tom de ameaça (“a evolução dos acontecimentos a frente te mostrará quão ledo e pantanoso engano você tem sustentado”, “sua convicção resultará na sua própria ruína”, “Ele (Deus) não fica feliz de ver a destruição daqueles a quem Ele concedeu parte da Sua própria inteligência”) e nenhum argumento, típico dos cristãos que me atacam.
Os meus adversários não se limitam ao Recanto das Letras. Tenho muitos outros fora deste site, mas os demais, talvez por conta dos meios oferecidos, são bem mais abertos ao debate. Aqui é muito fácil comentar um texto meu e nunca mais ver se houve uma resposta (raramente alguém aparece para replicar uma resposta que dou), mas nos fóruns de debate as coisas são diferentes. Também lá exigem o mínimo de respeito. Aqui muitos critãos até fizeram contas “fake” de email apenas para me fazer ofensas. Nunca reclamei isso à administração do site porque a única solução que eu vejo seria bloquear todos os comentários, mas assim não me chegariam também contribuições, a favor ou contrárias (que são, incrivelmente, na maior parte de ateus).
Então fica aqui meu desabafo contra esses adversários desonestos que, na ausência de argumentos,não exitam em ameaçar-me com o fogo do inferno ou ofender minha pessoa, mostrando o quão superiores, amáveis e éticos são os cristãos (sem generalizações). Assim, se não tiverem algo melhor pra dizer, calar-se é a melhor opção. Não tenho medo de Deus ou do inferno, essa tática não funciona. Se alguém quiser me convencer de algo, ou mostrar sua extrema bondade cristã, não será através do medo, pois as ameaças, assim como as teias de uma aranha, só pegam insetos pequenos. Terá que ser com argumentos e evidências objetivamente aceitávais. Mostrem que existe algo de racional em sua fé, que nã é apenas o medo da morte e do inferno nem o desejo egoísta de uma vida eterna e feliz.
Ps.:Não pensem que essa carta foi direcionada ao Wilson Amaral. O texto dele foi apenas o pontapé inicial. Na verdade, ele é um dos meus adversários mais educados, embora também tenha o costume de ameaçar-me com palavras mais brandas.