Saudações, dileto poeta

Saudações, dileto poeta.

Venho por meio desta expressar minhas mais sinceras condolências em função de sua recente perda, e compartilhar deste pesar.

Contudo, não sendo eu próprio um letrado poeta, definindo-me categoricamente como pertencente à classe dos pensadores (e como tal equivocamente acusado de insensível), peço licença para me abster de tamanha linguagem rebruscada com a qual redijo estas presentes linhas. Proponho-me a me dedicar apenas a transmitir minha mensagem ao meu modo: com ideias diretas, sem floreios. Sim, ideias.

Em uma palavra: aguente. Acostume-se. Compre um novo dicionário. A gramática é assassinada há tempos, e feito fênix renasce das cinzas para continuar a ser trucidada em blogs, chats, bilhetes, placas, mensagens. A nova gramática não é nenhuma tramoia diferente destes pequenos crimes do dia-a-dia, pelo contrário: está chegando para dar o descanso eterno e merecido à antiga, já tão surrada e judiada.

Exagero meu. Pode ficar tranquilo: a reforma ortográfica não é uma revolução literária.

E sobretudo, apoio quando argui que o trema era um "inocente que não fazia mal a ninguém", frequentamente esquecido e agora friamente eliminado. Contudo, chamá-lo de mártir já é paranoia... Sei que não pôde calar-se diante de tal "balbúrdia", como fora definido pelo próprio nobre amigo; entretanto seja, ou ao menos tente, permanecer estoico.

Meus sentimentos mais sinceros,

V.C. Mesmo

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(eu vou levar uma eternidade pra me acostumar a isso...)

Voo do Corvo
Enviado por Voo do Corvo em 25/02/2010
Código do texto: T2106548
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