Saudações, dileto poeta
Saudações, dileto poeta.
Venho por meio desta expressar minhas mais sinceras condolências em função de sua recente perda, e compartilhar deste pesar.
Contudo, não sendo eu próprio um letrado poeta, definindo-me categoricamente como pertencente à classe dos pensadores (e como tal equivocamente acusado de insensível), peço licença para me abster de tamanha linguagem rebruscada com a qual redijo estas presentes linhas. Proponho-me a me dedicar apenas a transmitir minha mensagem ao meu modo: com ideias diretas, sem floreios. Sim, ideias.
Em uma palavra: aguente. Acostume-se. Compre um novo dicionário. A gramática é assassinada há tempos, e feito fênix renasce das cinzas para continuar a ser trucidada em blogs, chats, bilhetes, placas, mensagens. A nova gramática não é nenhuma tramoia diferente destes pequenos crimes do dia-a-dia, pelo contrário: está chegando para dar o descanso eterno e merecido à antiga, já tão surrada e judiada.
Exagero meu. Pode ficar tranquilo: a reforma ortográfica não é uma revolução literária.
E sobretudo, apoio quando argui que o trema era um "inocente que não fazia mal a ninguém", frequentamente esquecido e agora friamente eliminado. Contudo, chamá-lo de mártir já é paranoia... Sei que não pôde calar-se diante de tal "balbúrdia", como fora definido pelo próprio nobre amigo; entretanto seja, ou ao menos tente, permanecer estoico.
Meus sentimentos mais sinceros,
V.C. Mesmo
----------------------------------------------------------------
(eu vou levar uma eternidade pra me acostumar a isso...)