Lapso de razão.

Hoje acordei mais cedo que o habitual.

Olhei-me no espelho e tentei me ver.

Como quem olha um objeto, só vi cores e formas.

Não gostei do resultado da minha inspeção.

Cabelos muito esbranquiçados, muitas rugas.

Dentes amarelecidos e já meio tortos.

Passei a mão pelo músculo do braço e percebi que estava perdendo bastante da pouca massa que sempre possui.

Juro que me lembrei do Caetano dos anos 60/70!

Mas não sorri.

Achei-me absurdamente ridículo!

Pensei na Laura e na Ana, 1 e 38 anos, respectivamente.

Avaliei bem (?) os sentimentos que me ligam a estas duas pessoas.

“Como sou imbecil! Isto é ridículo! Só idiotas amariam assim nos dias de hoje”.

Foi o que pensei de mim mesmo.

Sai ao trabalho.

Não sorri para a cliente.

Com a criança, que me fazia perguntas, não tive a paciência habitual.

Meu dia foi terrivelmente... Não sei dizer!

Não me sentia triste nem alegre.

Apenas vazio.

Meu retorno a casa foi mecânico.

Voltar ou não voltar?

Nem pensei!

Apenas cheguei em casa.

Fotografia da Laura!

Lembranças da Ana!

Uma lágrima escorreu-me pelo rosto.

Sorri com um pouco de alegria!

Era ‘eu’ de novo!

Conclui naquele momento que, dali em diante, prejuízos não seriam mais contabilizados.

Fui dormir feliz, por ter entendido que amar é a minha garantia de um novo amanhã.

2009.

Paulinho de Cristo
Enviado por Paulinho de Cristo em 25/02/2010
Reeditado em 14/07/2010
Código do texto: T2106292
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