A Orquídea morreu............

Quisera ser anônima para gritar aqui e ali o que sinto nesta noite! Sabe aqueles momentos em que você sente algo morrer?

Hoje cheguei em casa e me surpreendi: ganhei uma orquídea de aniversário e ela morreu. Consegui a façanha de fazer uma orquídea morrer em menos de 3 meses!

Contemplei aquela natureza morta, que em nada é obra de arte, e me coloquei a refletir. Ela veio com promessas de amizade eterna. Veio com o sorriso de uma noite de novembro onde três amigas juravam estar unidas “para o que der e vier”, pra completar o presente uma almofada do Flamengo, algo não muito fácil de se dar levando em conta que uma gremista e uma são paulina tiveram que ira até a loja e escolher! Mas que vem a ser isso diante de uma amizade?!

Quisera dizer que a efêmera orquídea, que mesmo tão forte veio a morrer, não se compara á amizade que se supõe ser algo mais duradouro e capaz de suportar todas as intempéries.

Interessante que a orquídea em seu habitat natural sabe resistir ao sol forte, à seca persistente, à chuva torrencial, no entanto aquela do vaso que ganhei não conseguiu sobreviver ao meu desleixo!

E agora olhando para a orquídea que jaz no vaso me pergunto: e a amizade que motivou sua doação, estaria com o mesmo vigor ou ao contrário acompanharia a pobre orquídea em seu lento desaparecer?

E por incrível que pareça cheguei à uma terrível conclusão: a amizade parece não perdurar! Talvez se possa dizer “então não era amizade!” Eu discordo e afirmo: era sim amizade, mas assim como a orquídea, cumpriu seu tempo e passou! Já manifestei em outros escritos a minha certeza de que nada é eterno. Na verdade não acredito em amizades nascidas assim, como orquídeas em vasos, espremidas, fora de seu habitat, fortalecidas e apressadas artificialmente. Se a orquídea flor resistente, mesmo em vasos, não sobreviveu, não foi eterna como era o desejo sincero que lhe acompanhava, é por que nada debaixo do sol é eterno. Tudo passa! Tudo se vai! Posso até ter contribuído ao não dar atenção às instruções de cuidado que lhe acompanhavam, mas não posso fazer milagres e ela morreu. Talvez na amizade também não soube ler os manuais de cuidado que cada uma trazia escondido a sete chaves!

Pode até parecer triste o que escrevo, mas sinto em meu peito esta certeza ainda mais clara nesta noite: nada é eterno! Tudo tem o seu processo de morte, de partida, para tudo na vida existe um rito de chegada e de partida!

E agora escuto a chuva que mansa cai e parecer repetir este refrão: nada é eterno! Nada é eterno!

Mas ao mesmo tempo que escrevo me recordo de um casal, não me cabe dizer os nomes, mas um casal, simples, comum, que já passaram por poucas e boas e continuam lá, fortes e firmes, com as pernas cambaleantes e os braços exaustos mas continuam lá! Para eles o amor se torna eterno, com eles a amizade se torna duradoura, por que é curtida, é curada na salmoura dos acontecimentos difíceis. Não é masoquismo isso, nem sei por que cito tal exemplo. Nem mesmo com eles a amizade é eterna, também com eles os momentos passam, mas ainda assim fica a certeza de que não importa a hora em que o telefone tocar eles serão prontos. Não importa o momento em que a garganta se fechar com um nó sem explicação eles serão capazes de ofertar os ombros e acolher num sorriso as lágrimas que rolam abundantes pela face.

Mesmo que nada seja eterno ainda assim será intenso, será belo, e permanecerá na lembrança como a beleza da orquídea que morreu, mas deixou a linda lembrança de suas flores roxas....

Nada é eterno....a orquídea morreu...a amizade esmoreceu....o amor diminui....mas nem por isso a vida se tornou menos intensa e menos prazerosa......

Débby Pupo
Enviado por Débby Pupo em 10/02/2010
Reeditado em 10/02/2010
Código do texto: T2078903
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.