Do que eu sinto...
...para poucos posso falar.
O papel aceita melhor os meus lamentos
e quem é que, hoje em dia, tem paciência para ouvir lamuriar?
Do que eu sinto é tanto que escondo,
pois transparecer sentimentos, atualmente, é sinal de fraqueza
e eu, que sempre fui transparente,
cubro com sorrisos os meus dentes,
ensaiados numa calma que já não tenho.
Despi o meu coração e então, a vergonha cobriu-me.
Num palco qualquer, com som de quinta categoria,
num teatro improvisado, com atores e alguma alegoria,
transformei os meus sentimentos numa péssima peça
de uma comédia mal ensaiada...
e agora, as lágrimas que só eu chorei,
deixam a certeza do fiasco que foi confundir o amor com uma tremenda palhaçada.