Meu velho...
Meu velho, como a vida é uma coisa cu_ri_o(u)sa...
Ouso estar a falar contigo através do anonimato mas, sobretudo, sobre tudo, porque agora estamos à distância de nada um dos outros, somos e quase deixámos de ser ou fomos e é o que somos... «SE EU TE PEDISSE A PAZ, QUE ME DARIAS/ PEQUENO INSECTO DA MEMÓRIA DE QUEM SOU/ NINHO E ALIMENTO?»
Escrevo o teu nome na Rede, a Net dá-me da tua existência: palavras que escreveste! Viver é cada vez uma coisa que mete mais nojo, ontem dei por mim... a ver mais um acidente ambiental, desta vez provocado por uma guerra. Uma guerra particularmente estúpida, provocada por provocação, abuso e estupidez. Sem qualquer limites ou regras: abusar da vida! O problema no Médio Oriente...
Quem és tu? Um poeta qualquer dia detectável por qualquer um... quando a Rede reconhecer o que foi reconhecido, publicado, como ver_sos.
Ainda não é o caso, ainda terá que ser alguém que te leu ou tu próprio, se ainda te lembrares que escreveste: «se eu te pedisse a paz, que me darias/ pequeno insecto da memória de quem sou/ ninho e alimento?»
Vamos dar tempo ao tempo e só as máquinas se lembraram de nós, enquanto nos governam, mandando-nos pagar o Fisco. Não és tu, é engano: prova! Prova que tu não és tu ou que aquelas coisas que te foram deixadas não são tuas ou que por decreto divino deixaste de ser quem queiram que tu sejas!
O drama é esta poluição que mata tudo o que está vivo, até matar tudo que está morto: a indiferença tornará a diferença indiferente e ser-te-á indiferente estar vivo ou morto. Lembrar-te-ás de Pessoa e pensarás o fingimento como a nossa melhor forma de reconhecimento, fingi_rei que te conheço e tu fingi_R_ás que me conheces e dir_ás...
Também para ti, um abraço, amigo!
{Carta, dedicada ao autor dos versos e a cada um dos leitores que os reconheçam e a cada um que não os reconheça, a todo_s, cada um, quem apareça!}