Mi porteña soledad

Buenos Aires, Agosto de 2009

...Pois é, aqui em Buenos Aires está fazendo um frio de matar e hoje estava andando pelas ruas " sem-ter-pra-que" e me deparei, mais precisamente na esquina da rua Treinta y tres orientales com Carlos calvo, com um apartamento...confesso que, sem motivo algum, lembrei do teu apartamento em cima daquele bar.

Cheguei a escutar aquela musica alta que detestavas e nos fazia pensar em comprar espingardas, granadas e tanques-de-guerra para acabarmos com aquela baderna...E foi pensar nisso que Bread me puxou pelo braço e me pôs sentado naquele sofá, na tua sala escura onde a luz de mércurio acariciava de laranja teu rosto, se confundindo com teus cabelos enquanto olhavas para a janela perdida entre o teu passado, o presente daquele gato e o futuro de, talvez, nós dois.

Não te falava, mas para mim, era perfeito e eu desejava que o mundo se acabasse naquela hora só para eu passar a eternidade toda com essa ultima imagem na cabeça: tú, a janela, os prédios e o laranja.

Não estou tendo esperanças, mas entenda que ainda me lembro dessas coisas e sempre me lembro, nessa " porteña soledad", com uma vontade de ser aquele louco que eu fui,sabe? de gastar o dinheiro de meus cigarros pra te comprar uma flor..." só assim paro de fumar" pensava.

Queria ser louco outra vez e largar esse frio, esse cinza, esse Fernet e o bairro de SAn Telmo para ir aí, nem que fosse pra ficar me frente a tua casa, escondido na sombra de uma árvores ( fico imaginando como deve ser agora sua nova casa, se tem jardim, que cor é a porta e se tem alguma caixa de correios antiga)

Imagino que estejas feliz, pelo menos é a única coisa que me impede de não ser aquele louco de antes...se, por um simples segundo, me passa pela cabeça que estais infeliz, juro como atravesso esse país onde me refugiei e chego em tua casa que descobrirei onde fica e te farei cócegas até que digas " Pára! aí ! Nojento!" ,colocarei a metade de um melão na cabeça e te chamarei para rua e te direir que " sou eu, o louco que inventou o amor só para ti!"

Enfim,não quero que sintas que o passado está outra vez em minha vida ( como sempre), acontece que me lembro de ti e acho que é a unica que deves saber, entendes?

Me mande noticias suas, eu realmente preciso saber dos teus dias...

Desculpas por ter sido egoísta, desculpas por ter parecido um solitário sm remédio, desculpas se estais com frio agora e, sobretudo, desculpas por não te mandar essa carta.

Balthazar Sete sóis
Enviado por Balthazar Sete sóis em 26/01/2010
Reeditado em 26/01/2010
Código do texto: T2052876