Recordações

Recebi, li e reli seu cartão...

Como é forte a lembrança,

Quebra as cadeias do tempo e do espaço,

Traz a tona sentimentos que ultrapassam a razão.

As palavras saltam aos meus olhos

Vivas de emoção, repletas de luz.

Confesso que a saudade trouxe um silencio ao coração,

Foi um momento de calar...

Viver cada momento desta emoção

Não pequei por esquecimento

Escrever escrevi se recebeste não sei...

Faz tanto tempo...

Sem asa para ir até aí, dei asas ao pensamento...

E criei novas imagens suas,

Todas boas como tu és bom,

Revê-lo é sempre uma esperança

Mas temo não ser o mesmo...

O tempo é rude e fere

Hoje, em especial, a alegria é muda...

A vida para estagnada, vegetativa.

Tem horas que o sertão vence.

O homem moribundo geme

A esperança explode como uma granada

Ferindo quem a agarrar com força

Amanhã, penso... Não serei o mesmo...

Algo de novo me fará sorrir.

Tuas palavras não fizeram sorrir

Calei, respirei e mergulhei...

Mergulhei no âmago e encontrei

Encontrei feridas não cicatrizadas

Esperanças frustradas... Desilusão...

Desilusão que pensei ter curado

Mas o tempo só a escondeu

E o pano velho que a encobria

Foi facilmente rasgado com palavras

Que para outros soam como brincadeira

Mas para mim são de recriminação

Exigem o despertar do coração

Relembram que a vida precisa de emoção

Que é bela e precisa ser vivida.

Amanhã, penso, não serei o mesmo...

Ao reler suas palavras algo renascerá

Minha vida não será mais muda

O sertão não parecerá tão forte

E o moribundo se erguerá

O punhal a tilintar e a rasgar

A rasgar as desilusões da vida

Fazendo surgir a alegria e o riso

Tenho certeza

Amanhã não serei o mesmo

Fernando Rocha da Costa
Enviado por Fernando Rocha da Costa em 27/07/2006
Reeditado em 28/08/2006
Código do texto: T203489