Recordações
Recebi, li e reli seu cartão...
Como é forte a lembrança,
Quebra as cadeias do tempo e do espaço,
Traz a tona sentimentos que ultrapassam a razão.
As palavras saltam aos meus olhos
Vivas de emoção, repletas de luz.
Confesso que a saudade trouxe um silencio ao coração,
Foi um momento de calar...
Viver cada momento desta emoção
Não pequei por esquecimento
Escrever escrevi se recebeste não sei...
Faz tanto tempo...
Sem asa para ir até aí, dei asas ao pensamento...
E criei novas imagens suas,
Todas boas como tu és bom,
Revê-lo é sempre uma esperança
Mas temo não ser o mesmo...
O tempo é rude e fere
Hoje, em especial, a alegria é muda...
A vida para estagnada, vegetativa.
Tem horas que o sertão vence.
O homem moribundo geme
A esperança explode como uma granada
Ferindo quem a agarrar com força
Amanhã, penso... Não serei o mesmo...
Algo de novo me fará sorrir.
Tuas palavras não fizeram sorrir
Calei, respirei e mergulhei...
Mergulhei no âmago e encontrei
Encontrei feridas não cicatrizadas
Esperanças frustradas... Desilusão...
Desilusão que pensei ter curado
Mas o tempo só a escondeu
E o pano velho que a encobria
Foi facilmente rasgado com palavras
Que para outros soam como brincadeira
Mas para mim são de recriminação
Exigem o despertar do coração
Relembram que a vida precisa de emoção
Que é bela e precisa ser vivida.
Amanhã, penso, não serei o mesmo...
Ao reler suas palavras algo renascerá
Minha vida não será mais muda
O sertão não parecerá tão forte
E o moribundo se erguerá
O punhal a tilintar e a rasgar
A rasgar as desilusões da vida
Fazendo surgir a alegria e o riso
Tenho certeza
Amanhã não serei o mesmo