CARTA-RESPOSTA ( trecho) A UM HOMEM DE ALMA ÍMPAR
(...)Temes…ou tremes de emoção quando sentes assim, quando escreves assim, que expor o fundo da tua alma pura, expor o cristal dos sentimentos mais puros sabes risco demasiado grande neste mundo brutal. É arriscado, certamente;ao mesmo tempo, certamente,é ato de respeito pela tua natureza mais funda. Ela precisa encontrar algum espaço para expressar a ternura pelo que é autêntico, sempre-vivo; pela Paz. Mesmo sendo-se “um ser de Saudade” , às vezes é preciso fazer com que a Saudade nos doa como um roçar de pétalas da Flor. Mesmo que seja este um momento raro, mesmo que seja raríssimo, quase nunca. É preciso. Para que nos salvemos de nós mesmos, em nós mesmos. Se “nem só de pão vive o homem” também não pode viver só de indignação: é preciso, apesar do mundo ser o que é, criar-se espaços de repouso. Haverá sempre olhos que nos vêem, verdadeiramente; ouvidos que nos ouvem, verdadeiramente. Para nós-mesmos e para esses outros olhos e ouvidos vale a pena esses momentos preciosos. Os momentos de cristal. E ser-se forte neles, porque até mesmo a delicadeza pode machucar, ainda que haja doçura neste machucado. La dulce naturaleza del amor.
Zuleika.