Cartas Pessoais - Por saber que é Amor

Ouvi certa vez uma música que dizia que duas pessoas viveriam no mundo sem que precisassem das outras. E agora acredito que assim como o compositor compreendera em seu momento de inspiração, estou aqui para justificar cada momento vivido sem que necessitasse verdadeiramente dos outros... Querendo somente estar ao lado da segunda pessoa da música, a outra parte de mim – Meu Amor. A cada manhã que arrisca erguer-se diante dos meus olhos ainda cansados e nada acostumados com tanta luz. A cada suspiro e passo dado, passo esse que adoraria lamentar... Por ser maior que a perna. Por dizer que fui até onde consegui, sem ao menos saber como se mede à distância do impossível, do inalcançável. Não há uma certeza sobre o que acontecerá. Certezas não fazem o coração disparar, nem as mãos se apertarem, nem os olhos lacrimejarem ou os lábios esperançosos buscarem um beijo que o tempo e a saudade distinguiram sabor. Certezas não dão perfume, gosto ou forma à saudade. Certeza é somente certeza... Para mim, é de cor cinza, um cinza chumbo que afunda quem ousar pisar próximo. Prefiro a incerteza à insensatez que brilha no céu das possibilidades, a invisibilidade do essencial que não é formado por moléculas, átomos ou coisa parecida. O invisível que distai os olhos e acelera o coração, o sentimento que me faz arriscar ir longe. Simplesmente por saber que é Amor.

Jean Levi
Enviado por Jean Levi em 07/01/2010
Reeditado em 28/02/2010
Código do texto: T2016959
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